Ao fim de três anos, a instituição bancária continua com administração provisória.
“O tempo do facilitismo acabou” é assim que Jorge Machado, administrador nomeado do Crédito Agrícola de Oliveira do Hospital define, em poucas palavras, o atual modelo de gestão daquele que continua a ser um dos maiores bancos da praça, pelo menos em termos de quota de mercado. E se há três anos, quando o jurista, juntamente com outro administrador nomeado pela Caixa Central (Armando Lopes), vieram para Oliveira com a dupla missão de por fim ao desequilíbrio financeiro da instituição e ao conflito interno que entretanto minava a confiança do banco, hoje não têm dúvidas que a CA volta a ser uma entidade totalmente credibilizada. “É uma gestão virada para o rigor, não vive da beleza dos números”, garante Armando Lopes, fazendo constar todavia, que o trajeto iniciado há cerca de três anos por esta administração provisória já começou a ter reflexos nos resultados, “com contas bastante mais saudáveis”, assegura. “Melhorámos a imagem da Caixa não só em termos físicos, mas em termos morais, o tempo do facilitismo já lá vai” reitera Jorge Machado, não se escusando a criticar o “amadorismo” existente no passado, e que foi responsável pelo desequilíbrio das contas da instituição. Hoje em dia, os administradores não têm dúvidas que a CA voltou a ganhar a confiança dos depositantes e aforradores, o que está espelhado no “regresso de capitais” à Caixa de Oliveira. “Se quiséssemos ter mais poupanças tínhamos, não oferecemos as taxas que os outros dão, porque não precisamos desses recursos face à procura de crédito que temos”, explicam os administradores, para quem a CA se pode “dar ao luxo” dessa situação. Com uma quota de mercado de 21% no universo das sete instituições financeiras a operar no concelho, a administração do Crédito Agrícola está ciente do papel social do banco, e por isso tem continuado a apoiar o comércio e a indústria de “forma sustentada”. “Ao contrário de outras instituições nunca fechámos o crédito às empresas, mas o apoio não é incondicional, têm de cumprir determinados critérios” afirma Jorge Machado, garantindo que o apoio ao tecido empresarial local está de acordo “ com a atual situação económica do país”, ainda que “facilitando tanto quanto possível a regularização dos compromissos”. Armando Lopes destaca, por seu lado, a importância determinante desta banca para o desenvolvimento do concelho, onde “temos apoiado não só a criação de emprego, como a manutenção de muitos postos de trabalho”, garante o administrador, certo de que se hoje há dificuldades no concelho, sem o Crédito Agrícola, estas “seriam ainda maiores”. “Temos connosco as grandes empresas de Oliveira” asseguram, dando conta das mudanças operadas no banco desde que foram chamados a “intervir”, e que passam sobretudo pela “moralização” da instituição financeira, que sem descurar o rigor, assume-se como um das principais “âncoras” do tecido económico do concelho. Apesar do conselho de administração estar nomeado por tempo indeterminado, a Assembleia Geral do CA é agora presidida por José Carlos Alexandrino que, antes de ser presidente da Câmara, já tinha integrado a administração do banco.