Autarquia diz-se preocupada com crescimento “descontrolado” destas plantações no concelho e exige ser ouvida pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
A Câmara de Oliveira do Hospital mostra-se preocupada com a ameaça de “eucaliptização” do concelho e aprovou, esta quinta-feira, em reunião pública do executivo uma posição sobre esta matéria, onde exige ser ouvida pela entidade responsável pelo licenciamento das novas plantações- o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
A tomada de posição do executivo oliveirense vem na sequência de uma denúncia feita pelo presidente da Junta de Meruge que alertou recentemente para uma possível plantação ilegal de eucalipto numa vasta área da freguesia, onde antes existia pinheiro bravo.
Vereadora com o pelouro das florestas, Teresa Dias, fala mesmo de “oportunismo dos grandes grupos económicos”, lembrando que neste momento existem, pelo menos, sete pedidos de licenciamento junto do ICNF sem que o Município tenha sido auscultado. Para além destes pedidos de novas plantações de eucalipto no concelho, a vereadora garante existirem “muitas outras que são ilegais, estando neste momento a ser localizadas para serem alvo de queixa”, pelo que lamenta que aquele organismo que aprovou Planos de Gestão Florestal para o concelho de Oliveira do Hospital não seja capaz de monitorizar estas situações, assistindo-se a “um aumento descontrolado da área de eucaliptal fruto do oportunismo não do pequeno proprietário, mas dos grandes grupos económicos”, afirmou. No sentido de prevenir a “ameaça” de eucaliptização do concelho, a vereadora propôs à Câmara Municipal a aprovação de uma posição que ponha termo ao “alastramento descontrolado e desordenado de plantação de eucalipto” já que, segundo a autarca, está em causa “a qualidade do ambiente, a sustentabilidade do solo e a própria paisagem”.
À espera de ser ouvido pelo ICNF, o presidente da Câmara fez notar também a sua preocupação com este risco de aumento da área de eucaliptal no concelho, até porque “há aqui uma coisa que nós não podemos deixar alterar que é a nossa paisagem”, considerou, lembrando que o concelho está “coberto” por várias ZIF – Zonas de Intervenção Florestal, que têm um plano de gestão, no qual está vertido quais são as espécies que se podem plantar nessas áreas. Considerando a “agressividade” desta espécie para os solos e o seu impacto em termos paisagísticos, também a vereadora da oposição, Cristina Oliveira, “concordou em absoluto” com a posição da maioria no executivo, alertando todavia para a importância de se “perceberem as razões económicas dos proprietários que fizeram essas plantações e sobretudo propor-lhes alternativas”.
A vereadora do PSD lembra que “há muita variedade de espécies, algumas delas se calhar mais lucrativas até que o próprio eucalipto que podem trazer alguma receita aos proprietários”, pelo que “é preciso salvaguardar as duas partes”. Refira-se que a CAULE- Associação Florestal da Beira Serra, enquanto entidade gestora de ZIF’s no concelho garante estar atenta a esta realidade, nomeadamente através da denúncia de plantações ilegais junto do ICNF que deve fazer cumprir os Planos de Gestão Florestal aprovados para estas áreas.