Extensão de Saúde reabriu ao fim de dois anos sem consultas médicas.
Exatamente dois anos depois de ter ficado sem médico de família, a Extensão de Saúde de Lagares da Beira voltou ontem a disponibilizar consulta médica aos seus utentes.
A reabertura do posto médico foi “festejada” por autarcas e muitos populares que durante dois anos viveram um verdadeiro “calvário” para terem acesso a um médico ou a uma simples receita. Um dia de “festa” que para o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, foi, ao mesmo tempo, um “dia da vergonha”, tratando-se de uma extensão de saúde que serve um território com cerca de dois mil utentes e que nunca deveria ter ficado sem médico de família o tempo que ficou. “Parece que há um retrocesso na nossa democracia, hoje fazemos uma festa por direitos que deveríamos ter e que nunca deveriam ser interrompidos”, afirmou o edil, que ontem pediu desculpa aos utentes por terem ficado estes dois anos “abandonados à sua sorte”, apesar de todos os esforços da Câmara Municipal para tentar resolver o problema junto dos responsáveis do Ministério da Saúde.
Alexandrino considera que não foi por falta de meios ou recursos humanos que a tutela não colocou há mais tempo médico de família em Lagares da Beira, mas sim por “falta de vontade política” e “inoperância”. “Há pessoas que chamam a isto populismo, eu conheço muitas destas pessoas que aqui estão e percebo as suas dificuldades e para mim isto chama-se inconformismo”, referiu Alexandrino, que nos últimos anos tem sido uma voz inconformada com a falta de médicos no concelho, e com a falta que estes fazem sobretudo às populações mais desfavorecidas e fragilizadas em termos de saúde.
“Acho que nós políticos temos a obrigação de defender aqueles que não têm voz, aqueles que não se queixam, mas que têm problemas, têm doenças crónicas e que precisam de uma receita e andam aqui num verdadeiro calvário para a conseguir”, afirmou o edil, lembrando, apesar de tudo, que neste momento, graças “ao trabalho político” realizado pelo seu executivo nesta área, a situação no concelho “já não é tão má como há uns tempos atrás” em que mais de metade da população oliveirense não tinha médico de família.
Satisfeita com o regresso do médico de família à Extensão de Saúde estava a presidente da Junta de Freguesia de Lagares da Beira, Olga Bandeira, para quem esta situação se arrastou tempo a mais, prejudicando uma população de cerca de dois mil utentes, nomeadamente crianças, idosos, doentes crónicos e grávidas que sem esta consulta “não tinham acesso a mais qualquer tipo de cuidados de saúde”. “Foi muito complicado porque há muitas pessoas que não tendo médico de família, não acedem a outro tipo de clínica”, garante a autarca, que inúmeras vezes mostrou também o seu inconformismo com a falta de médico na Extensão de Saúde local. “Para mim, em relação ao tempo que tenho de autarca, posso dizer que é um dos dias que me dá mais satisfação, porque sempre procurei estar ao lado das pessoas”, referiu, lembrando os dois anos de “luta constante”, com idas a Coimbra, à Lousã e as tomadas de posição mais “duras”, como foi o caso em 2015 de uma manifestação em frente ao posto médico, para “finalmente chegar o dia de hoje”.