Nasceu há 31 anos em Oliveira do Hospital, cidade onde sempre estudou e vive até hoje. Trabalha na Câmara Municipal, é um dos rostos do Balcão Único da autarquia, lida directamente com as pessoas. A sua simpatia não passa despercebida. É conhecido pelo seu profissionalismo.
O Tiago tem paralisia cerebral. Ainda na barriga da sua mãe, o cordão umbilical enrolou o seu pescoço e provocou-lhe algumas lesões cerebrais. “Quando era criança sentia-me inferior aos outros, escondia-me e pensava que a minha doença era um entrave na minha vida, mas hoje não”. É realmente esta atitude que distingue o Tiago dos demais, a sua entrega à vida. A calma e boa disposição que o caracterizam, contagia os seus amigos e os que com ele se cruzam no dia-a-dia. Está sempre pronto para ajudar, quando lhe é possível, desloca-se à Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra e conta a sua história com os pais de crianças com o mesmo problema, partilha com eles que “quando entrei para a pré-primária, tinha 4 anos, não andava nem falava. Quanto tive o meu primeiro bilhete de identidade, não conseguia assinar e hoje com 31 anos tenho a carta de condução, tenho um trabalho, sou independente”.
O Tiago gosta de música, é nesta arte que encontra a paz. Gosta de futebol, é um ferrenho benfiquista e adora sair à noite para “beber um café com os amigos e contar umas piadas, gosto de ver pessoas a rir e se eu puder fazer rir alguém… está o dia ganho!”
Não tem dúvidas que o facto de trabalhar diretamente com o público, na Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, mudou a sua vida. As pequenas conversas paralelas à sua função profissional têm feito de si um homem mais confiante e capaz de enfrentar a sua vida.
“O que me faz feliz é acordar e sentir que as minhas pernas mexem! Assim posso ir trabalhar e… conduzir, adoro conduzir! É um momento de liberdade que nunca ninguém pensou que eu seria capaz”, assume ainda que são atitudes como estas que afastam os resquícios de preconceito e/ou sentimento de inferioridade em relação a pessoas portadoras de deficiência. São cidadãos que não pretendem ser nem mais, nem menos que isso, cidadãos.
Quando é confrontado com a pergunta “Tiago, tens noção de que és um exemplo maravilhoso para a sociedade?”, responde “eu tenho essa noção mas não quero pensar nisso. Todos nós somos exemplos. Cada um de nós tem a sua história. Às vezes basta um sorriso para me dar força e aí tento fazer a minha vida como uma pessoa normal”.
É impossível ficar indiferente a tão épica atitude e querer. Tendo, por perto, pessoas como o Tiago é mais fácil sorrir e viver.