Dizem-se inseguros com o movimento de estranhos a toda a hora.
Moradores e comerciantes das imediações do bairro social João Rodrigues Lagos, na cidade de Oliveira do Hospital, dizem-se preocupados com a presença de toxicodependentes na zona, nomeadamente à noite, sentindo-se cada vez mais inseguros com esta situação. Apesar da visita frequente das forças de segurança, o local transformou-se, nos últimos anos, numa espécie de “supermercado de droga”, onde é habitual “o vai e vem” diário de pessoas estranhas ao bairro. “Se vier aqui à noite são grupos de 10 e 20 aqui no largo”, conta o proprietário de um estabelecimento comercial na zona, relacionando os problemas de droga no bairro social com a presença de uma família “problemática”, já referenciada pelas autoridades há vários anos. “O resto são tudo pessoas idosas e os novos não se metem nisso”, garante o comerciante, criado no bairro e onde continua a manter as suas raízes. “Não lhe sei dizer se aquilo é branco, se é preto, se é doce ou se é amargo, eu nunca tive a tentação de experimentar, mas a gente vê aqui os jovens a perderem a sua juventude nisto”, refere, lamentando que o bairro, obra de um dos maiores beneméritos oliveirenses, se tenha tornado num “ponto negro” da cidade, agora conhecido pelo tráfico e consumo estupefacientes.
Uma situação que levou no último mês de dezembro à intervenção do corpo especial da GNR, que fez uma rusga a várias habitações da zona por suspeitas de posse de droga. “Notou-se menos movimento nos dias a seguir a essa operação, mas agora já voltou tudo ao mesmo”, relata o antigo morador, assistindo diariamente às movimentações do “grupo”. “Os moradores sentem-se inseguros, porque de vez em quando há zaragatas entre eles, e a gente nunca sabe no que é que dá”, adianta o lojista, preocupado com a “má vizinhança” e o desassossego provocado pela presença de caras novas todos os dias. “Isto gera algum receio nas pessoas, pelo menos à noite”, diz o comerciante, preferindo manter o anonimato, já que, apesar de conhecer as pessoas “não quer problemas”.
Outro “refúgio” que está a preocupar a população é a zona histórica da cidade, sobretudo, a rua da antiga padaria, onde há vários prédios devolutos, que servem de autênticos abrigos a quem consome. “Já apanhei lá um grande susto, vinha a passar ali de uma caminhada e vi lá uns gajos a injetarem-se”, conta o mesmo comerciante, alertando para a presença de droga naquele local da cidade. Um ponto crítico que não é alheio à própria Junta de Freguesia de Oliveira do Hospital que entende que uma das respostas para o problema é a requalificação destas zonas. “Quanto menos espaços degradados dentro da cidade melhor”, diz o presidente, Nuno Oliveira, preocupado com o consumo e tráfico de droga em diferentes espaços públicos da freguesia. “Fala-se muito no bairro, mas há aí outros sítios críticos”, garante o autarca, destacando o papel determinante das autoridades, que dentro das suas competências têm atuado. Além disso, “não podemos pensar que isto é um problema apenas das famílias mais pobres, há muitos meninos metidos nisto”, refere, atento, o presidente da Junta de Oliveira, acreditando que a “reabilitação urbana” é meio caminho andado para acabar com o problema, pelo menos, em certos locais.