Olijeans arrancou com laboração.
Oliveira do Hospital acaba de assistir ao “nascimento” de uma nova fábrica de confeções. Chama-se Olijeans e encontra-se a laborar nas antigas instalações da Fabriconfex, em Gavinhos de Baixo, uma das mais antigas empresas do ramo que em 2010 não resistiu à “tempestade” que quase varria este setor tradicional do concelho.
Depois do encerramento de várias empresas entre 2006 e 2010, lançando no desemprego mais de meio milhar de trabalhadores, a “bonança” parece estar de regresso às confeções, como faz ver a abertura de uma mais fábrica neste setor. Esta já não é primeira empresa de confeções a abrir portas nos últimos tempos em Oliveira, depois da Azuribérica ter também “renascido” da HBC, que tinha declarado insolvência arrastando mais de 150 pessoas para o desemprego.
A nova unidade fabril arrancou com algumas dezenas de postos de trabalho, na sua maioria mulheres, prevendo chegar até ao dia 15 com 50 trabalhadores, destinando-se ao fabrico de confeção de homem e senhora. Apesar de preferir começar a trabalhar e só depois “falar”, uma das sócias gerentes e principal rosto do novo projeto empresarial, Lurdes Tavares, justifica a aposta neste setor tendo em conta aquilo que vinha verificando nos últimos anos que é o “regresso” das encomendas à indústria portuguesa, nomeadamente às empresas do concelho, por parte de alguns clientes conceituados. “Trabalho temos, vamos ver como é que as coisas correm”, refere, não deixando de lamentar o “parto” difícil que foi conseguir abrir a sua própria empresa, num tempo em que se “deviam abrir mais as portas” para resolver o principal problema do país como é o desemprego.
Antiga funcionária das confeções, Lurdes Tavares, não esconde a “luta” que teve de travar em várias frentes para estar hoje a laborar e espera que a partir de agora as coisas “corram bem”, até porque “mercado temos”, assegura, lembrando ao mesmo tempo a forte tradição que existe no concelho de Oliveira ligada às confeções. Se isto é um cartão de visita para futuros negócios, a empresária oliveirense espera que sim, que o facto de ter decidido abrir a fábrica no concelho possa ser uma vantagem competitiva em relação a outros locais que, mesmo oferecendo melhores condições, não são conhecidos por terem uma indústria tão forte neste ramo, não tendo também a imagem de qualidade que Oliveira conseguiu criar e que aliás já virou slogan com a frase: “Em Oliveira produzem-se os melhores fatos do mundo”.
Refira-se que apesar da crise que devastou o setor a partir de 2006, algumas das maiores empresas locais conseguiram aguentar o “embate”, assumindo-se ainda hoje como o principal empregador do concelho. A prova de como depois da tempestade pode vir a “bonança” e que existe hoje um regresso a uma atividade que se julgava condenada, é que “não havia mão -de -obra especializada disponível inscrita no desemprego”, refere a empresária que conta na sua linha de produção com algumas costureiras experientes, mas também com muita gente “à procura do primeiro emprego”. “Isto é sintomático de que a crise está em contra ciclo com este setor”, entende a ainda jovem empreendedora, decidida a apostar “tudo” numa área que, segundo diz, voltou a ter procura por parte dos grandes clientes e marcas internacionais.