Reconstrução da casa mãe foi “abençoada” pelo Bispo de Coimbra.
A mais antiga instituição de apoio à infância do concelho de Oliveira do Hospital, a Obra de D. Josefina da Fonseca, esteve em festa. O motivo, aliás, não era para menos, com a inauguração das obras de reconstrução das antigas instalações da creche e jardim de infância, que três anos depois de terem sido iniciadas chegam agora ao fim.
Com um custo de um milhão e cem mil euros, as obras consistiram na recuperação do antigo solar propriedade de D. Josefina da Fonseca que legou, já em meados do século passado, o seu património para a “proteção à criança”. A “Casa da Obra” está agora “ampliada, moderna e com instalações luminosas, reunindo todas as condições para as crianças”, sustentou a presidente do conselho de administração da instituição, Clara Caçador, lembrando que o projeto de restauro do edifício tem 16 anos, “sete dos quais perdidos nas gavetas da Segurança Social de Coimbra”.
A presidente lamenta que volvidos tantos anos, e de inúmeras candidaturas aos vários programas de financiamento, os “apoios tardam em ser conhecidos”. “Mesmo assim somos persistentes” garante a médica que há três anos decidiu, com o restante conselho de administração, avançar com as obras na casa mãe a expensas próprias, “na expectativa de nos ser concedido algum apoio” já que o imóvel se encontrava “num estado de degradação acentuado” Para trás ficam ainda os projetos de criação de um centro de noite e um centro de dia, que estavam previstos para o último piso do edifício, e que correspondiam também, no caso do centro de noite, a uma novidade em termos de apoio social na cidade.
Figura incontornável da instituição, é também o pároco António Borges, que enquanto representante da igreja no conselho de administração lutou, nos últimos anos, por estas melhorias. “Foi necessário arrumar a casa e sonhar com aquilo que se pede hoje para uma obra desta natureza”, garante o pároco, não deixando igualmente de lamentar que “depois de tanto tempo à espera e de tanta candidatura a ficar pelo caminho”, a instituição se tenha visto obrigada a avançar “com o credo na boca” com este investimento. Com mais de 30 funcionários e 180 crianças, a Casa da Obra é atualmente uma das maiores prestadoras de serviços de apoio à infância, mantendo o espirito da sua fundadora, no que diz respeito ao apoio às famílias mais carenciadas da comunidade.
Percebendo as dificuldades das instituições, sobretudo quando há investimentos avultados, o presidente do Município, José Carlos Alexandrino, deixou a promessa de reforçar o apoio financeiro à Casa da Obra, para além dos apoios já aprovados pelo executivo. Alexandrino comprometeu-se assim a levar à próxima reunião de Câmara, mais um apoio de 50 mil euros, reconhecendo a qualidade da intervenção feita na Obra, e acima de tudo a importância destas instituições para a economia local.
Convidado de honra desta cerimónia de inauguração foi o Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, que vê nesta “Obra” a prova de que igreja não deve ter uma missão unicamente espiritual, mas deve ter em conta “a totalidade do ser humano”. “A igreja tem de estar na linha da frente do apoio aos mais necessitados e não pode ter medo de sujar as mãos”, entende D. Virgílio, deixando uma mensagem de reconhecimento às pessoas que estão por detrás deste projeto, que “no passado, no presente e no futuro são certamente as mais adequadas”, disse realçando sobretudo “o amor e o espirito de doação” do pároco António Borges a esta instituição.