A população das Caldas de S. Paulo voltou ontem a manifestar-se contra aquilo que considera mais uma “ilegalidade” levada a cabo pelo promotor do resort de luxo que acaba de abrir ao público naquela localidade e alerta para o perigo de inundações com o aproximar do tempo das chuvas, acusando o empresário de ter “tapado” os aquedutos e a mãe de água existente na aldeia, e que permitia que as águas pluviais seguissem o seu curso natural, sem provocar danos, como aconteceu ainda há poucas semanas, dentro do próprio empreendimento turístico.
Reunidos terça-feira à noite para fazer o ponto da situação do “processo” que continua por decidir nos tribunais, quanto ao acesso ao poço termal, existente na propriedade que agora está transformada numa aldeamento turístico de cinco estrelas, os populares mostram-se preocupados com a ameaça de inundações nas casas e no único comércio da aldeia, provocada pelo desvio das águas pluviais promovida pelo empreendimento turístico. “Os problemas de funcionamento de que tanto se falou e que supostamente atrasaram a abertura daquela estrutura não são mais que o fruto das ilegalidades que têm vindo a ser cometidas ao longo da sua construção”, alega José Carlos Mendes, um dos porta voz dos populares, apontando o caso recente das inundações verificadas dentro do próprio empreendimento, como um caso paradigmático em que as questões legais não foram uma vez mais acauteladas. “Quem originou as inundações foi o próprio promotor que tapou o principal aqueduto para as águas escorrerem”, diz aquele representante dos populares, ao mesmo tempo que responsabiliza a Câmara Municipal por “ser demasiado facilitadora” com o promotor, apesar deste responsabilizar a autarquia pelos prejuízos causados aquando das primeiras chuvas em setembro.
“A Câmara Municipal com a intenção de fixar investimento no concelho não pode fechar os olhos a estas situações”, entende José Carlos Mendes, julgando que o Município não tem “outra alternativa” que não seja a de fazer “cumprir a lei”, caso contrário deixa de ter “autoridade moral” perante os outros munícipes, faz notar. “A Câmara não tem culpa do empreendimento ter atrasado a sua abertura, na nossa opinião a Câmara até tem colaborado, não pode é compactuar com ilegalidades”, adianta aquele porta voz, fazendo ver que “todos querem que o empreendimento funcione e funcione bem”, mas “não a qualquer custo”.
Enquanto aguardam por nova sessão judicial no processo em que reclamam o acesso ao poço termal, os populares contestam também a forma como foi colocada a vedação do empreendimento “em cima da via pública”, que segundo José Carlos Mendes é mais um “desrespeito” à população que, se antes já tinha pouco espaço para estacionar, atualmente “não tem nenhum”.