Vila Franca da Beira comemora aniversário sob “ameaça” de extinção.
Haja o que houver e haja agregação com a vizinha freguesia de Ervedal da Beira, como tudo aponta venha a acontecer a partir de setembro, Vila Franca da Beira promete continuar a assinalar a criação da freguesia.
A garantia é do atual presidente da Junta, João Dinis que encerrou um “extenso” programa comemorativo do 25º aniversário da elevação de Vila Franca a freguesia. Uma data que não teria o significado que tem este ano, não fosse a nova lei de reorganização administrativa do território e a “imposição” da mais recente freguesia do concelho “regressar ao passado” e voltar a ficar agregada ao Ervedal da Beira. “Queremos continuar a viver e a trabalhar na freguesia”, afirmou João Dinis, durante uma sessão evocativa do 25º aniversário, na sede da Junta, onde marcaram presença algumas dezenas de vilafranquenses que o têm apoiado na luta pela manutenção da freguesia.
O autarca, eleito há três mandatos consecutivos pela CDU, garante que não é nada contra os vizinhos do Ervedal, mas uma vontade inequívoca de querer continuar como um órgão eleito autónomo para “poder decidir” o que fazer na “nossa casa”. “Caso tivéssemos continuado na freguesia de Ervedal não teria sido possível realizar as obras que realizámos, não teria sido possível realizar tantas iniciativas e não teria sido possível resolver tantos problemas concretos do vilafranquenses”, sustentou o presidente da Junta, para quem valeu a pena há 25 anos criar uma nova freguesia no concelho, e para quem vai continuar a fazer sentido lutar pela sua manutenção. “Precisamos que a nossa freguesia se mantenha com os órgãos eleitos, voltar à situação que tínhamos há 25 anos será um grande passo atrás”, entende o autarca, que tem aproveitado todos os fóruns para se manifestar contra o abate da sua freguesia, na medida em que isso significa no seu entender “o abate dos direitos dos vilafranquenses”.
“Por este andar falta fechar o cemitério”, constata João Dinis, responsabilizando o governo e os partidos que o sustentam destas leis que querem “acabar com a nossa freguesia”. Responsabilidades que o autarca fez questão de partilhar com os “capatazes”locais desses partidos que voltaram a ser aconselhados a “não pôr as patas em Vila Franca”, agora que se aproximam as eleições autárquicas e supostamente vão aparecer candidatos por essas forças partidárias.
“É ou não justo dizer que não é vilafranquense aquele que se candidate pelos partidos que estão a favor do abate da freguesia” questionou o presidente da Junta, exigindo desde já que o partido mais votado em Vila Franca nas próximas eleições esteja representado na futura União de Freguesias. Uma questão que o autarca quer ver assegurada, pelo menos, enquanto a autonomia não voltar a ser restituída a Vila Franca.
Presidente da Assembleia Municipal, mas antes disso um vilafranquense, António dos Santos Lopes, também a aproveitou a sessão evocativa do 25º aniversário e (muito provavelmente último) para fazer um pouco de história e lembrar quem é que afinal “quer matar os velhinhos”. “Há uns anos dizem que os comunistas vinham matar aí os velhinhos, afinal hoje fazem pior matam-nos lentamente, fazem-nos sofrer e tiram-lhe a dignidade”, afirmou o ex dirigente comunista, caustico em relação a uma lei que, nem na terra do governante que a fez (o ex ministro José Relvas) colheu unanimidades.
Já o presidente da Câmara de Oliveira preferiu apontar baterias ao PSD local que tem vindo a culpar o seu executivo pelo abate de 5 freguesias no concelho, com o argumento de não ter promovido a pronúncia dos órgãos autárquicos sobre a reforma administrativa. Alexandrino atirou-se literalmente a esses “senhores” e a outros que tendo sido responsáveis pela emancipação de Vila Franca há 25 anos agora apoiam novamente a sua agregação ao Ervedal. “Isto é que é vergonhoso, a hipocrisia de um conjunto de pessoas do PSD”, lamentou o edil, para quem “essas pessoas metem nojo”.