Oliveira do Hospital apresentou, esta segunda-feira, dos projetos “mais estruturantes” de sempre para a cidade: as futuras instalações da Escola Superior de Oliveira do Hospital (ESTGOH) e a nova residência para estudantes, que vai nascer no edifício do antigo hotel S. Paulo. Os dois equipamentos, que somam um investimento na ordem dos 10 milhões de euros, vão surgir no centro da cidade, e a escassos metros um do outro.
A nova ESTGOH está projetada para o espaço da atual Escola do Primeiro Ciclo que, entretanto, vai ficar vazia com a abertura do novo Centro Educativo, e a Residência Universitária vai ser construída a partir do imóvel do antigo hotel S. Paulo, que vai ser todo remodelado, num investimento total que ultrapassa os quatro milhões de euros, ficando com 55 quartos, num total de 98 camas.
Segundo o arquiteto, Ricardo Tralhão, o projeto contempla três pisos, todos com copa, uma zona social no rés do chão, com sala de estudo e de convívio, privilegiando na sua construção materiais típicos da região e os tons quentes de forma a que os “alunos se sintam em casa”. Já a futura ESTGOH está projetada para um “horizonte” de mil alunos, contempla 25 salas de aula e um auditório com capacidade para 150 pessoas, na atual escola primária, que deverá ser toda remodelada, num investimento previsto de cerca de seis mil euros.
Na cerimónia de apresentação destes dois investimentos, o presidente do Município de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, não escondia o entusiasmo, congratulando-se desde logo com a “aposta clara” do Instituto Politécnico de Coimbra “em estender o ensino superior à região” e a concelhos mais periféricos como Oliveira do Hospital. Acreditando na “força transformadora” destes dois projetos, o edil oliveirense sublinhou a parceria do Município com o IPC, nomeadamente na execução dos projetos de arquitetura, acreditando que os dois investimentos são fundamentais também para “ajudar a regenerar a cidade” e a “tecer a cidade”.
“O ensino superior e todo o ecossistema de ligação às empresas , às instituições de investigação que existem no concelho, a ligação à região, a densificação que tem a escola nas relações que tem com a região, importam neste investimento”, fez notar o autarca, não tendo dúvidas que se tratam de dois investimentos ” chave” para a cidade, que está a ver ultimado um projeto de regeneração urbana na zona histórica. José Francisco entende que, quer no caso da futura Residência Universitária, quer nas novas instalações da ESTGOH, também se estão a cumprir aquilo que são as políticas de regeneração das cidades, que passam por reaproveitar e reutilizar, neste caso, dois edifícios localizados numa zona central da cidade, dando-lhes uma nova funcionalidade. Daí ,”a opção clara, assumida e dialogada entre a Câmara Municipal, o IPC e a ESTGOH para que a nova Escola Superior de Tecnologia e Gestão possa ficar no centro da cidade”, afirmou o edil, a justificar a escolha da localização para a implantação da futura ESTGOH, considerando que na atual escola do primária vai nascer uma “moderna, eficaz e central escola superior” com “todas as condições para acolher mais alunos, professores e com todas as condições para acolhermos eventos, com um anfiteatro com 150 lugares, para momentos de partilha de saber e de ciência”.
“É importante estes dois passos para transformar e consolidar a ESTGOH, não como projeto, mas como uma realidade intocável e irreversível do IPC”, afirmava o presidente da edilidade, acreditando no efeito de “aceleração” de todo este “ecossistema” que existe aqui no interior da região centro, e do impacto multiplicador destes investimentos.
“Saúdo esta ambição do IPC em investir bem nesta região, é de facto uma crença do efeito transformador que o ensino superior tem na região”, sublinhava, considerando esta uma “marca indelével” e “um dia importante” para o IPC e para Portugal que, com estes dois investimentos, tornam o país “mais igual, mais coeso e mais solidário”.
“Hoje é um dia importante porque se faz escola, porque se faz cidade e porque se faz país”
Um dia marcante também para o IPC e para o seu presidente, Jorge Conde, que começou por lembrar o percurso iniciado há 25 anos de descentralização do Instituto Politécnico de Coimbra, precisamente com a abertura da ESTGOH. “Este é um dia importante para o IPC porque é a consolidação do trabalho que temos vindo a fazer nos últimos anos”, observou, destacando a aposta da instituição em levar o ensino superior para fora do IPC, sendo exemplo desta política de descentralização, o anúncio recente da abertura de um Pólo de Ensino Superior na Lousã e outro Pólo em Cantanhede.
“Se me permitem a imodéstia, a ESTGOH tem feito mais pela região da Beira Serra que qualquer outra instituição, porque é aqui que temos trazido gente para formar, gente que vem do país inteiro e do estrangeiro e leva o conhecimento que adquiriu aqui, isso faz com que a escola ganhe importância e a região ganhe importância”, referiu o presidente do IPC, para quem a escola de Oliveira do Hospital se tem vindo a consolidar nos últimos anos, e a consolidar o seu corpo docente.
Garantiu ainda que a escolha da localização, no centro da cidade, foi sempre uma “ideia que presidiu” a todo este projeto, recusando “qualquer estratégia” de deslocar a escola para fora da cidade. “Isso seria matar a ESTGOH que já passou por vários problemas que quase a mataram”, afirmava o presidente do IPC, que desde o início, nas conversações que manteve com a Câmara Municipal, disse sempre querer a escola dentro da cidade, e a uma distância que não fosse superior a 5 minutos de casa para os estudantes.
Cumprido assim o objetivo, as novas instalações da ESTGOH vão surgir com 25 salas de aulas, um auditório com capacidade para 150 pessoas, duplicando a capacidade do atual edifício. Atualmente com 700 alunos, o IPC garante que o número “ideal” será chegar aos mil alunos ou até um pouco mais, estando criadas as condições, com este investimento, para que esta seja uma realidade nos próximos 4/5 anos. “E daí entendermos que recuperar um espaço que iria ficar devoluto no centro da cidade fazia todo o sentido para nós, ou seja, a escola deslocaliza-se meia dúzia de metros e mantém a centralidade que tem hoje e, se isto era verdade para a escola, mais verdade é para a residência” observava Jorge Conde, lembrando que a cidade vai ganhar uma nova centralidade com a escola num topo da rua e a residência no outro. “Estamos a falar de 10 milhões de euros de investimento que é investimento estruturante para a cidade, para a região e para o IPC”, garantiu o seu presidente, acreditando que estes dois projetos vão “acrescentar cidade” e investir, pela primeira vez, numa escola que responde aos anseios de quem a criou há 25 anos.
A terminar um “ciclo de investimento muito forte em Oliveira do Hospital” o representante da CCDRC, Luís Filipe, destacou a importância destes dois investimentos, dizendo mesmo que nenhum outro investimento será tão “estruturante” para Oliveira do Hospital como este, na medida em que “fixa pessoas, fixa qualificações e fixa pessoas neste território que geram valor”.
Felicitou, assim, o IPC e a Câmara Municipal pela ambição, pelo volume de financiamento, e por toda a dinâmica na procura de fontes de financiamento.
Da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, Pedro Canto e Castro felicitou as entidades envolvidas na execução destes projetos, lembrando que “é para isto que o PRR serve”: para “trazer investimentos para outras zonas do país” e para fazer projetos que “mudam a vida das pessoas”.
Alexandrino emocionado: “Este é um projeto que vai fazer bem a muitos jovens da nossa região”
Antigo presidente da Câmara Municipal que teve como um dos dossiês mais difíceis dos seus mandatos assegurar a manutenção desta escola em Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, lembrou nomeadamente o caminho que levou até chegar às novas instalações, garantindo que estas estiveram muito dependentes da aprovação do financiamento para a construção do novo Centro Educativo, que permitia libertar a escola do primeiro ciclo. “Em Oliveira do Hospital houve muito boa gente a criticar esta solução, mas nós tivemos sempre muito a ideia que a escola devia ficar na cidade”, recordou Alexandrino, garantindo que houve “aqui uma estratégia e uma visão em termos futuros de não afastar a escola da cidade”.
Defensor de uma nova visão para o país, de um país “mais coeso” e mais “igual”, o atual presidente da Assembleia Municipal não escondia, no final, a “emoção” por ver que este projeto não é só bom para Oliveira do Hospital, mas por saber que “vai fazer bem a muitos jovens da nossa região”, e que vai “ajudar ao desenvolvimento desta região e ajudar Portugal a ser um país mais coeso”. “Muito obrigada a todos”, concluiu.