A comemorar 50 anos, o Rally de Portugal foi para a estrada no Norte do País, e foi, novamente, um grande sucesso.
A nível organizativo, desportivo e de projeção de Portugal, o Rally de Portugal foi um enorme êxito.
O comportamento exemplar do público, a realização da Porto Street Stage (especial desenhada no coração da cidade do Porto, com uma presença de público impressionante) e até, a visita do Presidente da República ao Parque de Assistências contribuíram para este sucesso.
Com um percurso muito semelhante ao da edição passada, com 19 especiais, onde incluíram a super-especial de Lousada, a dupla passagem pelo Porto e a Power Stage de Fafe, o ACP esteve mais uma vez à altura dos acontecimentos, procedendo a alterações no Parque de Assistências, com a passagem da maior parte das equipas para o exterior dos pavilhões da Exponor.
Desportivamente, o Irlandês Kris Meeke venceu de forma surpreendente o Rally, aproveitando o facto de ser o 13º na estrada, levando assim o seu Citroen DS3 WRC ao primeiro lugar, conseguindo a sua segunda vitória em provas do WRC. O piloto da Citroen, apesar de não estar a fazer a totalidade do Mundial de Ralis, está com um ritmo avassalador, em resultado dos testes intensivos que tem feito com o novo carro da marca francesa para 2017, o C3 WRC.
De facto, ao arrancar da 13ª posição para os troços do norte do País, apanhava-os limpos, obtendo assim maior tração e aderência. Conseguiu assim, fechar o primeiro dia com 31,9 seg. de vantagem sobre o seu maior adversário, o Campeão do Mundo em título, Sebastian Ogier.
As regras do Mundial de Ralis ditam que quem está na frente do campeonato, durante os dois primeiros dias de competição tem de abrir a estrada, facto muito criticado por Ogier e pela equipa oficial da Volkswagen, pois em pisos de terra, quem anda a limpar a estrada é muito prejudicado.
Depois de ter perdido para Hayden Paddon (piloto oficial da Hyundai) a ultima prova do WRC (Rally da Argentina), Ogier vinha com fortes esperanças de sair vitorioso de Portugal. Tal não aconteceu, pois Meeke ao longo dos dois primeiros dias de prova, conseguiu amealhar segundos que lhe permitiram gerir a vantagem no último dia do rally.
O interesse desportivo da prova esteve centrado na luta pela segunda posição, com Ogier, Mikkelsen (também em VW Polo WRC) e Daniel Sordo em Hyundai i20 WRC a lutarem por uma posição mais acima possível, mas nunca importunando Meeke.
O Australiano Hayden Padon da Hyundai, um dos favoritos à vitória na prova (fruto da recente vitória na Argentina), teve uma saída de estrada na prova especial de classificação de Ponte de Lima 2, tendo o i20 WRC sido completamente devorado pelas chamas, após uma saída de estrada, apesar dos esforços do público e dos elementos de segurança do rally.
Os pilotos da Volkswagen não conseguiram anular a diferença amealhada pelo líder da prova, tendo o Norueguês Mikkelsen concluído em segundo lugar, depois de um furo lento de Ogier e dos constantes problemas de Latvala, sobretudo com a direção assistida do Polo WRC. O finlandês da VW, que tantos fãs tem em Portugal não conseguiu repetir a vitória alcançada em 2015, concluindo no 6º lugar, aproveitando até para testar algumas soluções técnicas no carro.
Para os lados da Hyundai, o balanço da participação no Vodafone Rally de Portugal foi um tremendo azar. Primeiro perdem, com uma saída de estrada, o Holandês Kevin Abbring, perdem também o carro de Hayden Paddon e Thierry Neuville, alegadamente por falta de gasolina.
O Espanhol Dani Sordo, que tão bem costuma andar em Portugal, para satisfação dos muitos Espanhóis que acompanham a prova, depois de ter andado em segundo, conseguiu concluir em 4º.
Na M-Sport, que faz correr os Ford, mais uma vez, o Fiesta mostrou-se uns furos abaixo da concorrência, tendo Eric Camilli obtido a sua melhor classificação no Mundial de Ralis com um 5º lugar final.
Na “segunda divisão” do WRC, apesar de muitos e sonantes nomes estarem inscritos, Pontus Tideman com o Skoda Fabia R5 oficial, não deu hipóteses á concorrência, conseguindo ganhar o WRC2.
Simone Tempestini, em Citroen DS3 R3, conseguiu levar a melhor na WRC3, onde despontam jovens valores, o Italiano conseguiu impor o seu ritmo.
O melhor Português, voltou a ser Miguel Campos, desta vez num Skoda Fabia R5. Depois de ter ganho em 2015 com um Ford Fiesta, acabou num brilhante 14º lugar da geral.
O Português Bernardo Sousa, que está inscrito no Troféu DMACK (com os Ford Fiesta R2) não conseguiu concluir o rally, tendo desistido com uma saída de estrada no último troço. Depois de ter controlado todo o rally a concorrência, infelizmente não conseguiu por o carro novamente na estrada e a vitória neste troféu foi para o Britânico Osian Pryce.
O campeão do Mundo Ogier sai de Portugal mais líder do WRC 2016, pois soma os 15 pontos do 3º lugar a mais três pontos pelo facto de ter ganho a Power Stage de Fafe, mais uma vez com uma grande enchente de público e sempre com um ambiente arrepiante, especialmente no Confurco (passagem de terra-asfalto-terra).
Esta foi, uma excelente prova do WRC, mas sobretudo de promoção de Portugal, na afirmação do Rally de Portugal no calendário de 2017.
O que importa realmente, é não perdermos a nossa prova do Mundial de Ralis, conhecida e reconhecida por muitos, a melhor prova do WRC, seja no norte, no centro ou no sul do nosso País.