Numa cerimónia que o próprio assumiu como “triste e inimaginável no passado”, Bruno Miranda, tomou posse recentemente para mais um mandato à frente da Santa Casa da Misericórdia de Galizes.
A tomada de posse teve lugar na Igreja da Misericórdia, num ambiente de restrições e distanciamento social devido à pandemia de Covid-19. Mesmo com todos os condicionalismos e angústia que “todos vivenciamos” com este novo vírus, o provedor, que há dez iniciou funções naquela secular Misericórdia, não deixou de agradecer a todos quantos percorreram com ele o caminho até aqui, lembrando também todo o trabalho levado a cabo e que teve sempre como prioridade a prestação de cuidados de excelência aos seus clientes nas várias respostas sociais.
“Muito trabalho foi realizado, muitas conquistas foram alcançadas, foram 10 anos que passaram num ápice. A vida fez de morte, mas continuará a fazer-se de renovação, de ambição e de querer. É nessa perspetiva que tomamos posse, reafirmando os nossos sonhos, as nossas ambições coletivas enquanto instituição, transportando a Santa Casa da Misericórdia para o futuro”, afirmou Bruno Miranda, a iniciar mais um ciclo como provedor da instituição.
“Para além da guerra que hoje todos travamos, temos muitas batalhas pela frente que ardentemente desejamos vencer”, fez notar o provedor, lembrando alguns dos projetos que tem em carteira para avançar e que o mobilizam neste novo mandato.
“O projeto do CAT para a deficiência não está morto, está em reformulação arquitetónica; a construção dos edifícios da Creche e do Núcleo Museológico já aprovados em projeto, estão em fase final de preparação para avançar para o lançamento dos concursos público e entrega das empreitadas; a reformulação e reconstrução do edifício da antiga escola primária de Galizes que será convertida em Centro de Dia será também muito brevemente entregue para a realização do projeto de arquitetura e especialidades; mantemos a nossa esperança de encontrar a breve prazo os terrenos na nossa localidade que nos permitam avançar para a construção de uma ERPI, sonho de todos os nossos irmãos e comunidade”, elencou o professor, para quem “a labuta diária de prestação de serviços continuará a pugnar pela excelência, acrescentando futuro e mais valias”.
“Temos vontade, temos ideias, temos projetos, acrescentamos dignidade e valor ao concelho, ao distrito e ao país. Para além disso temos equipa” afirmou ainda o provedor, que agradeceu às várias equipas que formam com ele a grande família da Santa Casa da Misericórdia de Galizes, que “acrescentam e valorizam em termos humanos e técnicos a instituição”.
“Naturalmente nem todos incorporam a mesma missão e abnegação, no entanto quero enaltecer publicamente a entrega da quase generalidade dos nossos colaboradores, que nos momentos mais difíceis e, temos passado por vários, nomeadamente em 2015, 2017 e agora em 2020, percebendo-se o seu carácter, a dedicação e o amor para com a instituição, e para com aqueles que servimos e que são os mais desfavorecidos”, considerou, congratulando-se com a “atitude humanista” de muitos colaboradores que “ainda no passado Natal e passagem de ano, por ocasião do surto viral que atingiu a Casa S. João de Deus, prescindiram do conforto dos seus lares para ficarem confinados dentro da instituição a cuidar dos utentes que estavam infetados”.
“Por mais que os reconheçamos nunca lhe pagamos o seu trabalho e a atitude que revelaram”, referiu o provedor, que terminou a sua intervenção na tomada de posse, dirigindo-se ao Estado e nomeadamente à tutela, para exigir “a responsabilidade inerente à parceria mantida no desenvolvimento de respostas sociais e de manutenção de muitos postos de trabalho”.
“A tutela não pode desresponsabilizar-se daquela que é a sua obrigação” exortou, pedindo ainda a habitual cooperação do poder local, no respeito pela “nossa individualidade e independência política”. A todos quantos vivem com a pandemia dentro de suas casas, o provedor deixou também a sua “solidariedade”, atentando sobretudo ao caso da larga maioria das misericórdias no país.