Com um mandato marcado pela tragédia dos incêndios de outubro de 2017, José Carlos Alexandrino quer agora recuperar os investimentos que ficaram para trás nestes últimos dois anos.
O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital está apostado em recuperar o tempo “perdido”, depois da primeira parte do atual mandato ter ficado tragicamente marcada pelos incêndios de outubro de 2017.
José Carlos Alexandrino falava na sessão solene comemorativa do feriado municipal de 7 de outubro, esta segunda-feira, que contou com a presença da Ministra da Saúde, Marta Temido, eleita, um dia antes, deputada pelo Circulo de Coimbra. Rodeado de mulheres, uma ex ministra e presidente da Assembleia Municipal, Dulce Pássaro, a atual Ministra da Saúde e ainda a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, que “gostava de ver no futuro Governo num lugar de destaque ”, o autarca oliveirense aproveitou para fazer um balanço dos últimos dois anos de mandato e falar dos projetos que estão já em marcha para a segunda metade do mandato, vislumbrando-se dois anos de forte investimento público no concelho.
Apesar da tragédia dos incêndios, Alexandrino garante que o seu executivo “nunca tirou o pé do acelerador” e se houve uma fase em que foi necessário acudir às pessoas deixando para trás alguns investimentos, 2019 afigura-se como o ano da viragem. “Nunca em nenhum período da história do concelho, houve tanto investimento de fundos comunitários”, fez notar o edil, que há poucos dias lançou um concurso de 5 milhões de euros para a construção do novo campus educativo da cidade. “Deixo aqui um apelo especial para um projeto especial que é o novo centro educativo, porque a nossa escola do primeiro ciclo não reúne as condições para acolher todos os alunos”, afirmou, aproveitando a presença da Ministra da Saúde para lembrar a “luta” que o seu executivo tem travado para Oliveira do Hospital ter uma “saúde condigna”.
“É certo que chegámos a ter 16 mil pessoas sem médico de família, hoje isso já não acontece, mas estamos longe do que é desejável”, referiu, pedindo o regresso do serviço de atendimento permanente entre as 8 horas da manhã e as 20 horas. “O Centro de Saúde não responde a esta solicitação, porque ninguém tem horas para ficar doente”, adiantou, apelando à recém eleita deputada, independentemente de continuar com a pasta da saúde, para colocar Oliveira do Hospital e este problema na sua agenda, pois “temos de encontrar uma solução”.
Outro dossier que quer no topo da agenda é o IC6, acreditando que este itinerário poderá chegar a Oliveira, já não no seu mandato, mas até 2024 para finalmente tornar o concelho e as suas empresas mais competitivas. Empresários que aproveitou uma vez mais para elogiar, pela “grande lição” que deram ao país no pós incêndios, com a presidente da CCDRC como “parceira incontornável” no processo de recuperação do tecido económico, fazendo “muito mais do que devia”.
Emocionada sempre que regressa a Oliveira do Hospital, Ana Abrunhosa, que viveu de perto as angústias e os sucessos deste “povo” depois do grande incêndio de 2017, lamentou que “muita gente fale do interior e de coesão sem conhecer o interior”. Para a presidente da CCDRC há que falar de coisas sérias e “falar de coisas sérias e de coesão territorial é termos o IC6”, disse, um dia depois do país ter renovado a confiança no PS para voltar a formar governo. “Promover a coesão é manter a ESTGOH, sim que não nos podemos esquecer da luta do senhor presidente para manter esta escola neste concelho, falar de coesão do território é falar de apoios diferenciadores para os seus empresários e falar de Oliveira do Hospital é falar de saúde. Senhora Ministra este território continua doente, e não é doença física, é doença mental, há muita ferida que precisa de fechar”, exortou Abrunhosa que confessou, esteja onde estiver, “nunca vou esquecer as pessoas de Oliveira do Hospital”.
Ministra da Saúde garante que regresso do serviço de urgências diurno deve de ser “ponderado”
Em declarações aos jornalistas, no final da sessão solene comemorativa do feriado municipal, a ainda Ministra da Saúde disse conhecer as expetativas dos oliveirenses relativamente ao serviço de atendimento à doença aguda, no período em que este não está a ser assegurado pela FAAD, ou seja, entre as 8 horas da manhã e as 20 horas, adiantando que este é um tema que tem de ser “ponderado” “à luz de um aspeto muito sensível que se prende com as acessibilidades”.
“Depois de vir algumas vezes a Oliveira do Hospital não é muito difícil perceber que estamos a falar de um território onde é difícil circular, designadamente em transportes públicos”, admitiu Marta Temido que apesar de dizer que as políticas públicas de saúde se inclinam para um reforço dos médicos de família e da rede de cuidados de saúde primários, o caso de Oliveira do Hospital tem de ser tido em conta “mesmo que tenha custos associados”. “Temos de analisar criteriosamente e cuidadosamente aspetos como as transferências que são realizadas para outros serviços e os encargos associados e de facto perceber aquilo que é a solução para esta população”, afirmou, levando desde já este dossier em cima da sua agenda.