O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, avançou, ontem, numa conferência de imprensa onde reuniu o seu executivo “em peso”, que vai agir judicialmente contra o candidato da Coligação PSD/CDS-PP, Francisco Rodrigues, e ainda contra o Jornal Correio da Beira Serra e o seu diretor, por difamação.
Em causa estão declarações do cabeça de lista da Coligação e funcionário da autarquia, esta semana, aos jornalistas, que acusou o presidente do Município de estar na “lista negra” do Crédito Agrícola de Oliveira do Hospital, responsabilizando-o de, enquanto antigo diretor, de ter conduzido o banco à intervenção da Caixa Central.
Indignado com aquilo que classificou de mais uma “mentira pegada” e “miserável” do seu antigo colaborador próximo que acusou de “não olhar a meios para atingir fins”, José Carlos Alexandrino revelou o teor de uma carta assinada pelo Conselho de Administração do Crédito Agrícola, onde este órgão de gestão rejeita por completo as afirmações proferidas por Francisco Rodrigues. “Nunca V. Exa foi destituído de qualquer cargo nesta Caixa e não está, nem esteve em qualquer lista negra ou ferido de qualquer irregularidade que o impedisse de concorrer a qualquer lugar para os Órgãos Sociais desta Caixa”, pode ler-se na carta “conforto” divulgada pelo autarca, onde o Conselho de Administração do CCAM torna ainda claro que “nunca foi imputada qualquer limitação a José Carlos Alexandrino”, pois se assim fosse “não teria sido eleito para Presidente da Mesa da Assembleia Geral no último ato eleitoral ocorrido, cargo que mantém”.
“Acresce ainda, caso não fosse o seu impedimento pelo facto de ser Presidente do Município, que, como é óbvio, não proporcionaria a independência requerida e a disponibilidade que o cargo exigiria, teria todas as condições para integrar o elenco diretivo, então sufragado”, pode ainda ler-se no documento tornado público pelo presidente da Câmara que acusa o candidato da Coligação de dizer “mentira em cima de mentira” roçando quase “a doença do foro mental”. “Não passa de um mentiroso miserável e compulsivo que passou 11 anos ao meu lado, nunca pensei que revelasse estes atributos” mas “às vezes também nos enganamos”, constatou o autarca, na reta final do mandato, rotulando ainda o seu antigo colaborador como alguém sem “princípios, nem moral”.
Também o jornal Correio da Beira Serra, detido parcialmente pelo antigo presidente da Assembleia Municipal, António Lopes, que saiu incompatibilizado com o elenco governativo municipal do PS, vai ser processado por difamação e por fazer eco destas “mentiras”. “Não passa de um pasquim, que eu já derrotei nas urnas em 2017 e em 2013” contra atacou o autarca.
O presidente do Município anunciou também que irá avançar com um processo interno dentro da Câmara Municipal para averiguar quem é que procedeu às alterações do mapa de disponibilidades financeiras do Município no mês de agosto e quem facilitou a divulgação deste documento, com o objetivo do candidato do PSD/CDS-PP vir a público falar de um saldo negativo superior a dois milhões de euros. Apoiado com um documento da Divisão Administrativa e Financeira da Câmara Municipal, Alexandrino pode confirmar que os números “não correspondem à situação real do Município” que apresenta fundos disponíveis positivos de mais de dois milhões de euros.
“Trata-se de um funcionário da autarquia que tem o dever de sigilo profissional e utiliza dados aos quais não devia ter acesso”, observa Alexandrino, acusando o principal adversário da candidatura do PS de “não ter uma única ideia para o concelho” e de “passar as noites a tentar dizer mais uma mentira”. “Como gestão financeira é difícil encontrar melhor do que fizemos e não é este individuo que nos ajudava a fazer a gestão, a mentira é tanta que, qualquer dia, vem dizer que ele é que era o presidente da Câmara”, concluiu o edil que é cabeça de lista do PS à Assembleia Municipal.