O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, informou, ontem durante a reunião pública do executivo, que a extensão de saúde de Alvoco das Várzeas está sem médico de família desde o passado dia 3, por razões que se prendem com a aposentação do médico e “ilustre” alvocence, Fernando Morais, que ali prestou serviço durante vários anos.
O edil, que aproveitou para “agradecer e reconhecer” todo o trabalho, e a “grande dedicação e empenho” do conhecido clínico na prestação de cuidados de saúde à sua comunidade, mostrou-se disponível, desde já, para junto das entidades de saúde da região: ARSCentro, ACES Pinhal Interior e Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, reivindicar e expor a necessidade da rápida reposição do médico e das consultas na extensão de saúde de Alvoco das Várzeas que, como fez também questão de sublinhar, é uma das mais “periféricas” da sede de concelho e com uma população “mais envelhecida”.
“Marcámos posição junto da ARSCentro, do ACESPIN e da UCSPinheiro dos Abraços no sentido de ser encontrada uma solução, e seja reposto o lugar deixado vago pelo médico de família, acautelando assim os cuidados de saúde primários e de proximidade à população” , adiantou o presidente do Município deixando vincada a posição do executivo relativamente a esta matéria de defesa dos “cuidados médicos de proximidade”. “Esse é o nosso empenho, o nosso objetivo e estamos aqui para lutar para repor o médico de família em Alvoco das Várzeas”, assegurou, lembrando que esta extensão de saúde contou, nos últimos anos, com um “médico com uma grande dedicação à sua comunidade e numa disponibilidade permanente em servir os seus conterrâneos que necessitavam de cuidados médicos e de saúde”.
“O dr. Fernando Morais é um alvocence dos sete costados”, afirmou o autarca, que não quer correr o risco deste posto médico ficar sem médico, nem consultas. Também a Junta de Freguesia de Alvoco das Várzeas já manifestou, publicamente, a sua preocupação com o facto de, a partir deste momento, “centenas de pessoas ficarem sem médico de família e cuidados de saúde primários na nossa unidade de saúde”, tratando-se de “ uma população extremamente envelhecida, onde os rendimentos económicos não abundam, a mobilidade para a sede de concelho- Oliveira do Hospital- tem pouca oferta e onde a distância se torna uma problemática”.
Num comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, a Junta de Freguesia faz saber que é de uma “necessidade extrema que este tipo se serviços de cuidados preventivos e diagnósticos, não desapareçam da nossa aldeia”, porquanto “numa população onde as doenças como os diabetes, a hipertensão e outro tipo de doenças, grassam, a vigilância e a resposta rápida é crucial, justificando-se este tipo de cuidados próximos e completos”.
“Afinal de contas, não queremos ser mais uma aldeia que fique amarrada, isolada e sem a atenção devida sobre um assunto tão importante como é a Saúde, como é cuidar de quem cuidou de nós. Não queremos que os Alvocenses saiam prejudicados, nem que, como em outros territórios do nosso País, se virem para as “mezinhas canseiras com algum obscurantismo à mistura”, argumentam, entendendo que “perder este tipo de cuidados, de serviços, numa Freguesia como a nossa é perder mais qualidade de vida, e é deixar mais uma aldeia presa ao centralismo municipal e retirar autonomia à terra onde as pessoas residem e fazem vida”.
Esta posição já foi enviada às autoridades de saúde da região, bem como ao Município de Oliveira do Hospital que “prontamente se mostrou disponível a solucionar e cooperar na resolução do problema”, pode ler-se no mesmo comunicado da Junta de Freguesia, onde fica evidente o elogio público ao “conterrâneo e médico, Dr. Fernando Morais” que agora se aposentou, naquela que dizem ser “etapa merecida por toda a sua dedicação, perseverança e sentido de missão que sempre o levou a cuidar dos seus, dos nossos, de toda a população Alvocense”. “Ao Dr. Fernando Morais todos os agradecimentos serão poucos para um homem que nunca se esqueceu das suas raízes, de onde nasceu e cresceu, mas também da sua comunidade a que sempre prestou os seus serviços”, fazem notar.