Primeiro Ministro deixou a promessa em Oliveira do Hospital de reforçar o Programa de Sapadores Florestais e avançar definitivamente com o cadastro a nível nacional. Esta quinta-feira presidiu à entrega de viaturas a 20 novas equipas, no território da ZIF Alva e Alvoco – a primeira a ser criada no país pela Associação Florestal da Beira Serra (CAULE).
O Primeiro Ministro deixou ontem a promessa de antecipar a “meta” das 500 equipas florestais fixada para 2020, garantindo, em Oliveira do Hospital, que o país atingirá esse objetivo já em 2019.
António Costa falava na cerimónia de entrega de viaturas a 20 novas equipas de sapadores florestais, que decorreu esta quinta-feira, no território da ZIF Alva e Alvoco, a primeira a ser constituída no país, há precisamente 10 anos, pela CAULE – Associação Florestal da Beira Serra, território que o governante considerou “a todos os títulos exemplar”.
Vinte anos depois da criação das Equipas de Sapadores Florestais por um governo do PS de que fez parte, 10 anos depois da constituição da primeira Zona de Intervenção Florestal também durante um executivo socialista que integrou, António Costa mostrou-se “orgulhoso” de ser o Primeiro Ministro que vem finalmente “descongelar” o Programa dos Sapadores Florestais que “desde 2009 não conhecia nenhuma nova equipa”, ao aprovar a criação destas 20 novas equipas, bem como o reequipamento de mais de 40 equipas de sapadores.
“Estas são apenas as primeiras do grande esforço que temos de fazer durante esta legislatura”, assegurou, deixando clara a intenção de retomar o projeto dos sapadores florestais no âmbito da atual reforma da floresta, de modo a que o país possa ter uma floresta “limpa a tempo e horas”, e como tal, “mais resiliente”. “É na prevenção estrutural que os sapadores florestais são absolutamente essenciais: podem fazer a limpeza no inverno, permitindo poupar o risco de incêndio durante o verão”, afirmou o chefe do Governo, garantindo ainda replicar o projeto do cadastro que já se encontra concluído no concelho de Oliveira do Hospital, ao resto do país.
“Há décadas que todos os governos têm medo de fazer o cadastro, aquilo que foi possível fazer no concelho de Oliveira do Hospital e que permitiu um melhor conhecimento da realidade da floresta e uma melhor gestão conjunta- é possível fazer no resto do país”, afiançou Costa, garantindo que o “cadastro vai mesmo ser feito” em todo o território nacional.
Considerando que a tragédia deste verão na floresta portuguesa demonstra bem que há um “país de palpitadores” e um “país de fazedores” e de gente que “planta e protege a sua floresta” como é este que escolheu para a apresentação das novas equipas de sapadores florestais, António Costa mostrou “urgência” em fazer o que tem de ser feito num setor em que os frutos “levam tempo” a aparecer. “Isso não pode ser razão para adiarmos mais o que tem de ser feito que é ter mais equipas de sapadores florestais, sapadores florestais com equipamento renovado, boas ZIF, mais ZIF e outras formas de organização” de forma a que a “floresta seja cada vez mais um valor e cada vez menos uma ameaça”, concluiu, não tendo dúvidas que o concelho de Oliveira do Hospital “ é um território exemplar” na transformação da floresta.
Um trabalho “notável” também reconhecido pelo Ministro da Agricultura, Capoulas Santos, que espera corrigir, no futuro, a falta de apoios de que se queixam algumas entidades gestoras de ZIF, para dar continuidade a estas intervenções. Capoulas Santos respondia assim ao presidente da CAULE, José Vasco Campos que antes tinha feito notar as dificuldades sentidas na aprovação de projetos de defesa da floresta contra incêndios, no quadro do PDR 2020. “Ansiámos pelo PDR2020 mas este não chegou”, e não chegou “às ZIF de montanha e de minifúndio”, afirmou o dirigente florestal, pedindo, por isso “a urgente reformulação do PDR 2020” de forma a que “o nosso trabalho possa ser continuado”.
“Em nome dos 6250 proprietários e aderentes da CAULE peço para que este Governo não abandone as ZIF, este modelo de floresta desde que bem gerido funciona, dá resultados”, exortou Vasco Campos, dando os parabéns ao Governo por ter tido a coragem de reforçar o apoio aos sapadores florestais que, em anteriores governos, “estiveram a definhar”. “Quantos fogos foram extintos ou apagados à nascença pelos sapadores: milhares de incêndios, quantos é que não abriram os telejornais por foram extintos pelos sapadores: milhares”, lembrou o presidente da CAULE reforçando o pedido ao Governo para que “continue a apoiar os sapadores florestais”, pois “estes retribuirão em dobro”.
Orgulhoso do trabalho realizado no concelho, pelos diversos agentes de proteção civil, o presidente da Câmara Municipal entende também ele que “Oliveira do Hospital é um bom exemplo” nesta área, o que faz com que o concelho seja um dos que vem registando, nos últimos anos, a menor área ardida, a nível distrital. O autarca oliveirense felicitou a CAULE pelas ações que tem tido no terreno, nomeadamente pelo “plano específico de intervenção” no âmbito das ZIF, que tem sido preponderante no tipo de floresta que o concelho tem. “É pública a nossa preocupação com a eucaliptização do nosso concelho e por isso temos vindo a ganhar terreno com o pinheiro bravo e as espécies autóctones”, referiu, aplaudindo “a coragem do primeiro ministro em visitar o concelho, com a presença das câmaras de televisão, não porque haja cá fogos, mas para encontrarmos soluções”.