85 utentes da instituição oliveirense viajaram até ao Palácio do Gelo em Viseu.
Um dia especial para pessoas especiais. Foi assim que a conhecida instituição de Oliveira do Hospital – ARCIAL, encara as comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que voltou a assinalar com um programa diferente para os seus utentes.
Este ano, enquadrado também na quadra natalícia, a instituição decidiu oferecer uma “prenda” antecipada aos seus utentes, levando-os a um dos maiores espaços comerciais da região. O destino foi o Palácio do Gelo, em Viseu, onde os mais de 80 utentes puderam deliciar-se com as montras e os diversos espaços de diversão daquele shopping viseense.
Um dia que, apesar de diferente, acaba por ser igual a muitos outros vividos na instituição, ao longo do ano, já que “este tipo de iniciativas faz parte do nosso plano de atividades sócio culturais”, garante a psicóloga Lúcia Prata, para quem “todos os dias são dias especiais”, na instituição, na medida em que “todos os dias tentamos proporcionar-lhes experiências diferentes”.
A trabalhar há vários anos com este tipo de população com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, a psicóloga da Arcial entende até fazer cada vez menos sentido, assinalar este dia, porquanto acentua ainda mais a diferença destas pessoas, num tempo em que, “trabalhamos diariamente a inclusão e a igualdade de oportunidades para todos”. “É um pouco um contrasenso, festejar o dia do deficiente quando o objetivo do nosso trabalho é esbater as diferenças”, considera a técnica da instituição, acreditando que “se queremos destacar o potencial desta população não devemos pôr a tónica na sua incapacidade, mas sim na sua capacidade”, diz, dando o exemplo de outras faixas “diferentes” da população e não se assinalam no calendário. “Porque é que não se comemora o dia do sobredotado” questiona, dizendo claramente que também nesta área de intervenção há “uma mudança de paradigma”, razão pela qual, “não se deva marcar demasiado este dia”. “Para nós é mais um dia diferente entre muitos outros que proporcionamos aos nossos utentes”, refere a técnica, valorizando todas as iniciativas que contribuam para a satisfação e bem estar dos utentes.
Resposta inovadora a partir de 2013
Com cerca de 100 utentes, distribuídos por duas valências: Centro de Atividades Ocupacionais e Formação Profissional, a Arcial prepara-se para dar mais um passo no apoio à população com deficiência no concelho de Oliveira do Hospital. Trata-se das duas residências autónomas destinadas a utentes que se encontrem em situação de total ausência de apoio familiar mas como um elevado grau de autonomia, e estão já em fase de conclusão. Representando um investimento superior a 250 mil euros, as duas residências têm capacidade para 10 utentes (cinco homens e cinco mulheres), e assumem-se como uma resposta inovadora no concelho, onde segundo a psicóloga Lúcia Prata, havia uma lacuna nesta área. A ideia “é dar resposta a jovens e adultos sem qualquer estrutura familiar ou que, de repente, fiquem sem qualquer retaguarda, o que já nos aconteceu com vários utentes”, relata a técnica, lembrando que a única resposta existente são os lares, apesar de serem poucos e “estarem sempre cheios”. “É sem dúvida uma mais-valia para este tipo de população, cujos pais ou cuidadores estão normalmente em idade avançada e precisam é de quem cuide deles”, refere, dando conta da necessidade de pôr esta valência rapidamente a funcionar, assim exista também “boa vontade” da Segurança Social em comparticipar este novo apoio social.