A moção, apresentada pelo deputado do PS, André Duarte Pereira, acabou por dividir a própria bancada do Partido Socialista que não se reviu, na sua maioria, nalguns pontos da proposta, nomeadamente naquele em que defendia um agravamento da taxa de IMI para os prédios rústicos abandonados, como forma de mitigar o problema do êxodo e do abandonado da floresta, ainda mais visível, depois do grande incêndio de 15 de outubro de 2017.
Num debate que chegou a pôr em lados aparentemente opostos a bancada do PS, a proposta acabou por ser aprovada com 13 votos a favor, 17 abstenções e um voto contra.
Três anos depois do maior incêndio da história do concelho e da região, e apesar de assinalar a forma positiva como Oliveira do Hospital se tem conseguido reerguer das cinzas, André Pereira, apontou o setor da floresta, como sendo aquele que mais fracassou. O objetivo do deputado, ao apresentar esta moção, foi por isso “manifestar o repúdio para com todas as plantações de eucalipto que tenham sido executadas sem o parecer positivo da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, propor à Câmara Municipal o desenvolvimento de um plano sistemático de remoção de eucaliptos, pinheiros e acácias dos terrenos baldios e subsequente introdução de folhosas e propor à Câmara Municipal a execução de uma campanha de sensibilização da população sobre os riscos, malefícios e legalidade do plantio de resinosas e ainda propor à Câmara Municipal a análise da possibilidade de introdução de uma taxa de IMI agravada para os donos de prédios rústicos abandonados e ainda”.
Na sua intervenção, André Pereira lembrou que “um território com maior densidade de eucaliptos será mais propenso a incêndios de grande escala, que os danos serão necessariamente superiores aos benefícios e que o Município pode e deve encetar uma estratégia sistemática de diminuição da densidade desta espécie no seu território”. Apesar de reconhecer que este não é um combate da responsabilidade do Município, André Pereira considerou-o “uma emergência municipal”, atendendo a que “o eucalipto destrói a floresta e empobrece Oliveira do Hospital”. “Há um trabalho a ser feito que não vale votos, mas do qual o nosso futuro depende”, afirmou ainda o eleito do PS, que viu a sua proposta ser chumbada por alguns dos deputados municipais do seu partido, que discordaram sobretudo do ponto relacionado com o agravamento do IMI das propriedades abandonadas, nomeadamente na fase em que nos encontramos, em que muita gente não tem dinheiro sequer para a manutenção, quanto mais “para pagar mais IMI”.
Face aos resultados da votação, André Pereira considerou que se “fez política em Oliveira do Hospital, com diálogo e propostas”, mas verificou que estes são “uma prova de que há muito trabalho de sensibilização e de pedagogia a serem feitos”.
“A aprovação por maioria desta Moção prova que, em Oliveira do Hospital, há quem tenha coragem, há quem assuma posições e há quem defenda o bem comum”, fez notar, assinalando o facto de haver pessoas “dispostas a ir um bocadinho mais longe e a defender os interesses últimos do concelho sem olhar para os votos e sem olhar para a política a curto prazo”. Relativamente ao eucalipto, o presidente da Câmara teve oportunidade de recordar o deputado que foi dos primeiros autarcas a insurgir-se contra a proliferação desta espécie, antes mesmo do Governo ter levantado restrições a novas plantações, dizendo que se não fosse ele a tentar travar o problema, a própria cidade de Oliveira do Hospital estava hoje rodeada de um imenso eucaliptal, uma vez que estava prevista uma grande plantação de eucaliptos na conhecida Quinta da Costa, que confina com a cidade.