A Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) contestou o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) de Oliveira do Hospital, considerando que a saúde dos utentes está em risco.
“Esta alteração tem levantado dúvidas entre os utentes, tem gerado desconfiança na qualidade do atendimento médico e tem colocado em risco a saúde dos pacientes”, afirma em comunicado a AVMISP, liderada pelo empresário Luís Lagos.
O funcionamento do SAP no concelho, um dos mais atingidos pelos incêndios de outubro de 2017, “foi reduzido, logo no início de novembro, apenas para horário diurno de segunda-feira a sexta-feira, tendo ficado as urgências noutros horários a cargo de um hospital fora da esfera pública”, lamenta.
“Não obstante este cenário já de si difícil, a primeira medida tomada pelo Governo no novo ano passou por encerrar, em definitivo, o SAP do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital”, acrescenta.
Segundo a associação, com sede nesta cidade, “foram implementadas consultas de intersubstituição destinadas a doentes com doenças agudas e — pasme-se!… –, no caso de urgências e emergências, a recomendação vai no sentido de marcar o 112 e aguardar pelo encaminhamento para outras unidades de saúde”, como informa um aviso colocado à entrada da unidade de saúde, reproduzido na nota, subordinada ao título “O abandono não cessa”.
“Naqueles dias 15 e 16 de outubro, tinha já ficado provado o estado de abandono a que tem sido votada esta região pelo poder central. Em face de uma situação extrema, o SAP de Oliveira do Hospital entrou em colapso, ficando privado de prestar cuidados básicos às vítimas que iam sendo transportadas para o local”, refere.
Para Luís Lagos, que assina o documento, “depois da maior tragédia humanitária que o concelho viveu em toda a sua história, o Estado português demitiu-se, uma vez mais, das suas responsabilidades civis e deixou a nu a segurança dos cuidados de saúde” das populações.
Oliveira do Hospital, no interior da região Centro, “terá sido o concelho mais fortemente afetado pelos grandes incêndios” de outubro de 2017.
“Foi o território onde se registaram mais vítimas mortais e mais pessoas feridas. Onde mais casas de primeira habitação foram destruídas” e onde, por isso, “existe uma maior necessidade de atendimento permanente a pessoas com necessidade de apoio psicossocial”, salienta o presidente da AVMISP.