Vários presidentes de Junta dizem-se fartos de promessas e exigem rápidas melhoras nesta área
De norte a sul do concelho são vários os autarcas que se manifestam contra o estado de “coma” a que chegaram os serviços de saúde em Oliveira do Hospital.
Independentemente das extensões de saúde das suas freguesias terem encerrado recentemente por falta de “recursos humanos”, os eleitos locais dizem-se fartos de promessas e exigem rápidas melhoras nesta área, que está a afetar sobretudo as populações mais fragilizadas – crianças e idosos, que diariamente são confrontados com os serviços de saúde fechados e, por consequência, as consultas adiadas por falta de pessoal médico.
Presidente de Junta de Freguesia de Lagares da Beira, Olga Bandeira, lamentou ainda na última reunião da Assembleia Municipal oliveirense que a extensão de saúde da sua freguesia esteja se médico há 16 meses, deixando mais de 1500 utentes sem qualquer “cobertura” a este nível. Depois de março passado a população ter saído à rua em protesto por esta situação, e de terem existido promessas de colocação de um novo médico, a autarca faz notar que “já passaram 16 meses e o médico ainda não chegou”. “Volvido este tempo todo está tudo na mesma”, denunciou a presidente de Junta, indignada com as sucessivas promessas não cumpridas relativamente à vinda de novos profissionais.
Inconformada com as justificações avançadas pelos responsáveis pela saúde na região, que explicam o recente encerramento dos postos médicos com as férias e com alguns casos de aposentação dos profissionais médicos, a autarca questiona as razões porque não se “acautelou a tempo estas situações a fim de se minimizar os danos a que estamos a assistir diariamente”, lamentando que à medida que os meses passam, a situação tenda a deteriorar-se com “cada vez menos profissionais de saúde no concelho”, com “a saúde cada vez pior, mais cara e mais distante”.
Também o presidente da Junta de Aldeia das Dez, Carlos Castanheira, que viu recentemente a extensão de saúde da sua freguesia a ser encerrada por “tempo indeterminado” considerou a situação preocupante, não tendo dúvidas que o concelho de Oliveira “atravessa um dos piores momentos da sua história em termos de assistência médica”. “Desde a criação do SNS que nunca a assistência à população foi tão má”, constatou o autarca, lembrando que a situação só não é tão caótica porque a Câmara Municipal se tem substituído, nalgumas situações, ao Ministério da Saúde, assegurando a uma “população envelhecida e sem recursos financeiros” os cuidados que deveriam ser da responsabilidade da tutela.
Cáustico com o cenário que se está a viver no concelho, apesar da sua freguesia ser das poucas que ainda mantém o posto médico aberto, o presidente da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira, Carlos Inácio, acusa mesmo os responsáveis pela saúde na região de “terem perdido o respeito” por toda a gente: utentes e autarcas, por “não terem vindo aqui dar uma única palavra de que iriam encerrar as extensões de saúde”. “O que é preciso é que isto mude e mude rapidamente seja qual for o governo que vier, porque andamos todos fartos de promessas”, adianta ainda o autarca, acusando o governo PSD/CDS do que se está a passar, nomeadamente quando “criou condições para que milhares de médicos e enfermeiros saíssem do país”.
Também o presidente da Câmara Municipal considerou, na última assembleia municipal, de uma “deselegância enorme” o que os responsáveis pela saúde na região fizeram com Oliveira do Hospital, decidindo encerrar extensões de saúde sem comunicar absolutamente nada ao Município. “É preciso uma nova equipa na área da saúde para se encontrarem novas soluções”, defendeu o edil, que já viu “chumbado” por este governo, um projeto pioneiro na área da saúde para o concelho.
Para a oposição não é bem assim. Luís Lagos, do CDS/PP garante que já a ministra do PS, Ana Jorge, tinha avisado em 2008 que o país iria viver uma grave crise de falta de médicos, pois se não os há agora “é porque não os formaram” e isso deve-se a “um problema estrutural onde todos os partidos têm responsabilidades”, rematou.