Depois do representante dos médicos na Região Centro, no próximo dia 11 é a vez do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, se deslocar a Oliveira do Hospital para se inteirar dos problemas relacionados com a falta de médicos no concelho que, atualmente, afeta mais de metade da população inscrita no centro de saúde local.
A visita do bastonário surge na sequência de um convite do presidente da Câmara Municipal, José Carlos Alexandrino, que tem sido uma das vozes mais críticas à falta de respostas dos organismos públicos para o grave problema de falta de recursos médicos no concelho.
Uma “luta” que se arrasta há mais de dois anos e que levou inclusivamente o executivo liderado por Alexandrino a promover em 2015 uma marcha lenta, com o objetivo de chamar a atenção para a situação de “colapso” vivida no serviço de atendimento permanente do Centro de Saúde, mas também para a falta de médicos nas diversas extensões de saúde do concelho, deixando milhares de utentes sem qualquer assistência médica.
Uma situação que levou, também, na última semana, a Câmara Municipal e uma auto denominada Comissão de Utentes de Oliveira do Hospital a tornar novamente público o seu descontentamento, através de diversos outdoor´s espalhados pelas principais entradas da cidade. Frases como “queremos médicos de família, a saúde não é um luxo” podem ler-se nos placard´s afixados na cidade, onde são exigidos “cuidados de saúde para todos os oliveirenses”.
Refira-se que também nas últimas semanas, a presidente da Junta de Freguesia de Lagares da Beira, Olga Bandeira, veio de novo a terreiro exigir a resolução do problema da falta de médicos na extensão de saúde local, considerando “inadmissível” e “insustentável” a situação vivida há já dois anos no posto médico da freguesia, onde mais de dois mil utentes se encontram se médico de família. Apesar dos insistentes apelos às entidades competentes e da população já ter saído à rua a manifestar o seu descontentamento, o executivo da Junta não pode de lado voltar a endurecer a luta, com manifestações ou outras formas de protesto que possam conduzir à resolução do problema.
Nos últimos meses, e no intuito de suprir a deficiente assistência do Serviço Nacional de Saúde, a Câmara Municipal em parceria com a Fundação Aurélio Amaro Diniz colocaram em funcionamento uma unidade móvel de saúde, percorrendo para já as freguesias mais periféricas do concelho onde se encontra uma parte significativa da população idosa e, como tal mais fragilizada. “Não podemos continuar a ter cuidados de saúde precários e insuficientes no concelho de Oliveira do Hospital”, garante o autarca, lembrando que se CMOH não tivesse colocado em funcionamento aquela Unidade Móvel de Saúde nalgumas freguesias o cenário seria ainda mais dramático, com muito mais gente “entregue à sua sorte”.
Numa nota enviada à comunicação social, a Câmara Municipal faz notar que tem sido a autarquia a assegurar temporariamente, através do orçamento municipal, os “serviços mínimos de qualidade”, nomeadamente com a contratação de médicos e a cedência de alojamentos, para assim evitar o colapso dos serviços públicos em Oliveira do Hospital. “É um drama haver mais de 8 mil cidadãos, entre idosos, doentes crónicos e grávidas, com dificuldades de acesso a uma simples receita médica”, entende Alexandrino, que lidera, através de diversos outdoor´s colocados em locais estratégicos da cidade, o coro de descontentes com o serviço de saúde que é prestado às populações do concelho.
Na próxima segunda-feira, Alexandrino deverá aproveitar para fazer ouvir, mais uma vez, a sua voz, durante visita do bastonário da Ordem dos Médicos a Oliveira do Hospital, estando prevista uma passagem pelo Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, a Extensão de Saúde de Lagares da Beira e, ainda, o Hospital da Fundação Aurélio Amaro Diniz e a Unidade Móvel de Saúde.