Corporação “ainda chora as perdas humanas e destruição de bens”.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital (AHBVOH) comemorou, no dia 25 de março, o 96º aniversário. As perdas ocorridas no grande incêndio e a confiança no futuro marcaram a efeméride.
Na cerimónia habitualmente marcada por distinções e condecorações, sobressaiu o gesto para lembrar as 12 vítimas mortais registadas no concelho, por ocasião do incêndio de 15 de outubro. Um minuto de silêncio proposto pelo comandante dos bombeiros da cidade, Emídio Camacho, que do mesmo modo elogiou os bombeiros que “foram, sem exceção, grandiosos no seu empenho”. “Apesar de tanta desgraça, estamos todos aqui a comemorar os 96 anos desta Associação. O meu muito obrigado”, referiu, fazendo questão de agradecer a todos quantos fazem parte da Associação Humanitária, beneméritos, entidades e empresas que têm ajudado os bombeiros, e em particular, ao presidente do Município de Oliveira do Hospital que diz ser um “bombeiro sem farda” com quem vivenciou “dia e noite momentos dolorosos e de total destruição”.
“A Associação ainda chora as perdas humanas e a destruição dos bens públicos e privados”, disse também o presidente da direção da AHBVOH, Arménio Tavares, na certeza porém de que os bombeiros fizeram o que estava ao seu “alcance com os meios técnicos e humanos” de que dispunham. A caminho da comemoração do centenário da AHBVOH, o dirigente apreciou “almofada de juventude” ali representada pela fanfarra e escolinha de bombeiros. Destacou, em particular, o apoio do Município de Oliveira do Hospital que, mais recentemente brindou a associação com uma parcela de terreno com 405 metros quadrados, para a construção de mais um edifício de apoio à atividade dos bombeiros.
A representar a Liga de Bombeiros Portugueses, José Fernandes partilhou a “tristeza” que sentiu ao entrar no concelho e ver “tudo queimado e tudo morto”. Em contraste, o responsável deu conta da sua alegria pela formatura de bombeiros a que assistiu, pela fanfarra que disse ser “das melhores do país”, pelo corpo ativo “disciplinado, treinado e bem formado”, por ter visto “uma escola de infantis e cadetes tão bonita”. “Parabéns senhor comandante”, referiu José Fernandes, dirigindo-se ainda ao presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital para lhe dizer que embora tenha “o concelho morto”, “tem aqui sementes para renascer das cinzas”.
Com o seu coração junto das famílias dos que partiram, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital regozijou-se por a tragédia não ter sido ainda pior. “Poderíamos não estar cá hoje. Mas felizmente estamos cá”, afirmou José Carlos Alexandrino, apreciando a atuação dos bombeiros que, conforme o relatório sobre os incêndios de outubro, não tiveram culpa da tragédia ocorrida. “As populações achavam que a culpa era dos bombeiros”, lamentou o autarca que sempre defendeu que o que se verificou no concelho foi um “ciclone de fogo”.
Por ocasião da comemoração do 96º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital, foram distinguidos com crachá de ouro os bombeiros José Joaquim Neto da Costa, Paulo Alexandre Brito e Paulo Jorge Marques Sousa. Ao bombeiro Luís Miguel Nunes Dias foi atribuído o prémio Manuel dos Santos Gouveia Serra.
A cerimónia ficou ainda marcada pela inauguração de duas ambulâncias, uma delas oferecida pela Fundação Oriente, com o próprio presidente, Carlos Monjardino a proceder à sua entrega, como forma de ajudar a corporação e o concelho “depois da horrível tragédia”.