Alexandrino garante estar a fazer tudo para conter o novo vírus e tranquilizar a população.
Depois do cancelamento da Feira do Queijo que estava a ser preparada para o fim de semana de 14 e 15 de março, a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital decidiu também esta semana suspender todos os pequenos eventos culturais e sociais, de modo a evitar o mais possível ajuntamentos de pessoas, nesta fase de propagação do vírus Covid-19.
“Estamos a fazer tudo para conter e para estarmos tranquilos”, afirma o presidente do Município e primeiro responsável pela Proteção Civil do concelho, José Carlos Alexandrino que nos últimos dias se tem desdobrado em reuniões com os vários setores de atividade do concelho, no sentido de prestar auxilio na colocação em prática dos respetivos planos de contingência.
“Fizemos um reunião com as IPSS´s, com as associações, com os têxteis e vamos ter também uma equipa a monitorizar os motoristas TIR, dado que este é um grupo de risco e é preciso perceber os trajetos que estes fazem”, explica o edil, que para já não confirma qualquer caso de infeção com o vírus Covid19, no concelho. “Temos três casos em isolamento, de pessoas que contactaram com pessoas que vieram de zonas de risco, mas não estão confirmados, e houve mais dois que deram negativo”, revela, tendo agendado uma reunião para esta quinta feira para decidir novas medidas de contenção, nomeadamente o encerramento de alguns equipamentos públicos, como piscinas, o pavilhão municipal e as bibliotecas municipais.
“Tivemos uma reunião esta semana na CIM, com as outras CIM´s, para uniformizarmos procedimentos na região, para adotarmos todos as mesmas medidas”, refere o autarca e presidente da CIM Região de Coimbra, que irá ainda estender estas medidas aos próprios serviços municipais, reduzindo o número de funcionários e serviços, nesta fase .“Temos todos de ter consciência de que quanto menos pessoas contactarmos, nesta fase, melhor para nos protegermos a nós e protegermos os outros”, adverte Alexandrino, que olha para Macau como um exemplo que deve ser seguido pelos portugueses. “Isto só lá vai se adotarmos todos comportamentos diferentes, e não vale a pena estar a arriscar”, diz, certo de estar a fazer de tudo para que este surto possa passar sem deixar vitimas no concelho.
Também os clubes desportivos estão a cancelar as suas atividades para as próximas semanas. Em comunicado divulgado na sua página de facebook, a direção do Sampaense Basket informa que “depois de analisada a situação relativa ao surto do Covid-19 e tendo presentes as últimas orientações da DGS, decidiu em consciência e pelo bem estar de todos os seus atletas, suspender todas as suas atividades desportivas a partir desta quartas feira, dia 11”. Igual cenário vive-se também no Futebol Clube de Oliveira do Hospital que suspendeu a atividade desportiva, quer no futebol, quer na secção de hoquei em patins, que deverá disputar ainda este sábado um jogo à porta fechada no pavilhão municipal.
Três pessoas em isolamento no concelho de Oliveira do Hospital
Os três casos contactaram com pessoas infetadas fora do concelho e da região de Coimbra
Sem casos confirmados de coronavírus no concelho, Oliveira do Hospital mantém contudo há mais de uma semana três pessoas em isolamento profilático nas suas próprias casas. As situações foram confirmadas ao nosso jornal pela delegada de saúde de Oliveira do Hospital, Guiomar Sarmento que informa que os três suspeitos tiveram contacto com uma pessoas infetada de fora do concelho e da região de Coimbra. “Estão em observação, não têm febre, não têm outros sintomas, está tudo a correr muito bem”, garante a delegada de saúde, julgando que estes três casos “não estão infetados de certeza porque estão há mais de uma semana em vigilância e não têm sintomas”. Os três suspeitos têm ainda assim de se manter isolados até concluírem os 14 dias indicados pelo protocolo da saúde. Além destas três situações, houve mais duas pessoas que cumpriram nos últimos dias o isolamento profilático, tendo dado negativo o teste ao Covid-19. A delegada de saúde garante que os cinco casos tiveram contacto com pessoas infetadas fora do território do concelho e da região.
Higiene é a palavra de ordem
Higiene, higiene, higiene, esta parece ser a palavra de ordem do momento e a principal arma que todos temos para ajudar a conter a propagação do virus COVID -19. Quem o sublinha é a delegada de saúde de Oliveira do Hospital, Guiomar Sarmento que está agora preocupada em passar esta mensagem à população, lembrando que “esta é mesmo a regra fundamental, nesta fase de contenção do vírus”. “É fundamental as pessoas evitarem o contacto com pessoas doentes, evitarem espaços fechados, evitarem o cumprimento físico”, diz chamando a atenção para a importância da desinfeção permanente das mãos, nomeadamente quem está no atendimento ao público. “Estamos numa fase de contenção, tem de fazer tudo para evitar a propagação, porque isto não é uma gripe normal, as pessoas infetadas precisam de cuidados especializados, e se forem muitos casos, não há meios que cheguem para todos”, alerta.
Visitas de estudo, viagens ao estrangeiro e estágios ao abrigo do Programa Erasmus cancelados pelo Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital
Com o surto de coronavírus a atingir várias escolas no país, a direção do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital decidiu, na última semana, pelo cancelamento de todas as viagens que estavam programadas para as próximas semanas, para fora do território nacional. Já as visitas de estudo dentro do país estão condicionadas ao tipo de espaço a visitar, ou seja, estão canceladas as visitas a espaço fechados,mantendo-se as viagens de estudo desde que em locais abertos, explica o diretor do AEOH, Carlos Carvalheira, que aguardava ontem pela decisão do Governo relativamente ao eventual encerramento das escolas. “Nós não temos autonomia para decidir, não temos nenhum aluno infetado, nem ninguém infetado, felizmente, por isso vamos aguardar”, adiantou ao Folha do Centro, sublinhando que os estágios dos alunos ao abrigo do Programa Erasmus, foram suspensos, como medida cautelar face à ameaça de contágio pelo vírus Covid-19.
Também a Escola Profissional de Oliveira do Hospital e Tábua -Eptoliva optou por suspender todas as atividades fora da escola, como visitas de estudo e viagens para fora do concelhos de Oliveira do Hospital e Tábua, justificando a decisão com o período critico que se está a viver em todo o mundo e também no país. Nas últimas semanas, e como medida cautelar, a Escola Profissional manteve em casa durante alguns dias, cinco alunos vindos de Itália, que regressaram dos estágios Erasmus, em Arezzo, no centro de Itália . “Na zona onde nós estivemos ninguém andava de máscara, nem em Roma, nem em Veneza, não vimos praticamente ninguém de máscara, ainda gozavam connosco”, conta Rafaela Simões, aluna do último ano do Curso de Técnico de Multimédia. A aluna não deixa de estranhar que no regresso, chegados ao aeroporto, ninguém lhes tenha feito perguntas, nem qualquer tipo de recomendação especial, em termos de saúde, apesar de saberem que vinham de um país onde o número de casos de infetados por coronavírus se encontrava numa escalada de subida. “Nós é que ligámos para a Linha Saúde 21 a perguntar o que é que deveríamos fazer”, conta. Como medida de precaução, a direção Eptoliva contactou também os alunos, um a um, no sentido de permanecerem em casa, mais alguns dias antes de regressarem à escola, até para “sossegar a comunidade escolar”, justifica Daniel Dinis, o presidente da Escola Profissional de Oliveira do Hospital e Tábua. “Contactámos a DGS que nos disse entretanto que se os alunos não tivessem sintomas, poderiam regressar normalmente e foi o que fizemos, alguns dias depois, seguindo sempre as recomendações das autoridades de saúde”, afirma o presidente.
Confeções temem nova crise
Também o maior empregador do concelho, o setor das confeções, que depende muito do mercado italiano no que toca ao fornecimento de matérias primas, começa a temer uma nova recessão. Para já a trabalhar sem qualquer restrição, a empresa Azuribérica e o seu administrador, Joaquim Pratas, não esconde que hoje o mercado é global, e como tal, um problema desta dimensão “vai-nos afetar mais cedo ou mais tarde”. Além disso, “a nossa grande preocupação é se de repente surge algum caso na empresa, a empresa fecha e isso é que é o caos em termos financeiros”, garante o empresário que produz para conhecidas marcas de roupa. O Folha do Centro tentou ainda o contacto com outras empresas, mas até à hora do fecho desta edição não se encontravam disponíveis.
Hotelaria à espera de melhores dias
Na última semana, os impactos do coronavírus têm sido também sentidos em particular pelas unidades hoteleiras do concelho, que dão conta de um número anormal de cancelamentos de reservas e por outro lado de uma baixa da procura para esta época do ano. “Já tivemos impactos diretos com clientes estrangeiros, polacos e italianos, que são clientes dos Aquinos e que todos os meses nos compram aqui várias dormidas”, garante Luis Campos, o diretor do Convento do Desagravo, FlagHotel, em Vila Pouca da Beira.
Por outro lado, “a procura tem sido baixa”, o que “é complicado se isto se mantiver muitos meses assim”, adverte o responsável por uma das principais unidades hoteleiras do concelho. Também o proprietário do Alva Valley Hotel, na Ponte das Três Entradas, David Nunes garante que os impactos deste novo vírus já se fazem sentir na unidade hoteleira, com registo de vários cancelamentos de reservas e não comparências de clientes, mesmo nas reservas pré pagas- “Houve um dia em que tínhamos 11 quartos vendidos e só apareceram dois, as pessoas simplesmente não vieram, apesar de já terem pago a dormida e de não serem reembolsadas”, explica o empresário, que tem também alguns clientes empresariais que suspenderam as suas reservas neste período.
Para além de haver mais cancelamentos que o normal, o hotel de 3 estrelas regista também nesta altura um abrandamento da procura. “Nesta altura, a poucas semanas da Páscoa, já estava tudo mais que cheio e agora não está”, afirma, expectante.