Lagares da Beira promete cumprir a tradição em mais um desfile carnavalesco.
Depois da tempestade que se abateu o ano passado na terça-feira de Entrudo que impediu a realização do desfile em Lagares da Beira, a organização do Carnaval lagarense espera agora a “bonança”.
Mas “faça chuva ou faça neve”, diz quem está à frente da “máquina”, o Corso, este ano, é para “sair à rua”. “O ano passado não chegou a sair por causa do mau tempo, foi adiado por duas vezes, mas das duas vezes choveu, e por isso chegámos à conclusão que não foi boa opção adiá-lo”, garante Luís Alberto, da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lagares da Beira, a quem pertence há 37 anos a organização deste evento.
O dirigente assegura que independentemente das condições climatéricas, a tradição volta a cumprir-se em Lagares, até porque ficou provado, o ano anterior, que “passando o dia, passa a romaria” e as pessoas “já não vivem o Carnaval da mesma forma”. “Não tem a mesma piada”, afirma Luís Alberto que, nesta altura, tem já a “máquina” praticamente toda afinada para o dia do desfile que sai à rua apenas na terça-feira, 28.
Ponto alto do Carnaval lagarense, este ano, o corso conta com 14 carros alegóricos e um total de 300 figurantes, que vêm sobretudo da freguesia, mas também de localidades vizinhas, como é o caso do grupo de 70 figurantes de Aldeia Formosa, que é já presença assídua neste Carnaval. “Este grupo já participa há mais de 6/7 anos no Carnaval de Lagares e tem vindo sempre a aumentar”, refere Luís Alberto, lamentando que essa participação não se tenha alargado a outras freguesias ou localidades vizinhas, porque era a maneira “deste Carnaval dar o salto”, considera.
“Se conseguíssemos envolver mais pessoas, pela tradição que já temos, tínhamos aqui um Carnaval para dar e vender, assim não conseguimos crescer que era aquilo que nós pretendíamos” lamenta aquele diretor, que aproveita para enviar a “deixa” ao poder político local no sentido de apelar à participação de outras freguesias naquele que é seguramente um dos maiores eventos do ano na freguesia de Lagares da Beira. “Já são tantos anos que se não dermos um salto qualitativo as pessoas não vêm”, teme a organização, que apesar de fazer cumprir a tradição, considera que “é preciso envolver pessoas novas”. “Esse continua a ser um objetivo, mas ninguém nos ouve”, lamenta-se, acreditando que é possível tornar este carnaval que é um dos mais antigos da região, ainda maior.
Com um orçamento que não deve ultrapassar os 12 mil euros, a organização diz que faz o que pode e queixa-se dos “escassos apoios” ao evento, comparativamente com outros carnavais da região. “Gostaríamos de fazer mais, mas não temos verbas” garante Luís Alberto, lembrando que este carnaval não tem praticamente receitas próprias desde que deixou de ter bilheteira no dia do desfile. Ainda assim, prometem “estar cá para continuar” e manter esta tradição lagarense. E porque o carnaval são três dias, o programa arranca na segunda-feira com o tradicional baile do chapéu, onde são esperados alguns originais exemplares e encerra na quarta-feira com a habitual leitura das “deixas”, uma sátira à vida das pessoas e das instituições da freguesia feita em público, que culmina com o enterro do “entrudo”.