Propagação rápida das acácias (mimosas) está a preocupar a Associação Florestal da Beira Serra que defende Plano Nacional de combate às espécies invasoras.
No Dia Mundial da Floresta, a CAULE – Associação Florestal da Beira Serra vem defender um plano nacional de combate às invasoras lenhosas, nomeadamente as acácias, vulgarmente conhecidas por mimosas, tendo em conta a propagação extremamente “rápida” que esta espécie tem tido nos últimos anos, estimando-se que represente atualmente entre 5 a 10% do território florestal.
Preocupado com aquilo que designa de “perigo amarelo” para a região, uma vez que a mimosa “onde está acaba com tudo”, o presidente da CAULE, José Vasco Campos, garante que a associação que lidera tem vindo a realizar, nos últimos anos, um combate “mais incisivo” a esta invasora na região da Beira Serra e concelhos limítrofes, tendo intervenções numa área de mais de150 hectares inserida em Zonas de Intervenção Florestal. Além das ações de controlo desta espécie invasora que são feitas “com a aplicação de herbicidas não ofensivos para o meio ambiente”, a CAULE já fez intervenções em mais de 80 pontos individuais, numa estratégia que tem como objetivo, explica aquele dirigente, “atacar pequenos focos logo à nascença”.
Um ataque à mimosa que, apesar de contar já com alguns apoios públicos, Vasco Campos gostaria de ver reforçado no próximo quadro comunitário, até porque “muito do que tem sido feito nesta área é a expensas próprias da associação”, diz. “Vamos propor à senhora Ministra um plano nacional de combate às invasoras lenhosas”, na medida em que “a situação está a tomar contornos preocupantes”, nomeadamente na região Centro e Norte do país, considera. “Se pensarmos que em 20 anos a mimosa ocupou 10% da área florestal, nos próximos 20 como será, ocupa 20%” questiona, defendendo um combate sério a esta invasora, que onde chega “elimina as outras espécies”.
“Um dos problemas da acácia é que acaba com a biodiversidade, onde chega, deixam de existir outras espécies, o que se reflete também numa diminuição da fauna”, observa o presidente da CAULE, alertando ainda para as questões de saúde pública, já que liberta um “pólen” que é muito prejudicial para as vias respiratórias.
Consequência dos grandes incêndios de 2005 nas serras da Estrela e do Açor, a mimosa tem vindo a conquistar “terreno” um pouco por toda a região, havendo zonas, como os vales do Alva e Alvoco no concelho de Oliveira do Hospital, mas também o vale do Mondego, que “estão numa autêntica miséria”. “É preciso resolver este problema sob pena de termos graves prejuízos para o meio ambiente e para o desenvolvimento florestal sustentável”, adverte Vasco Campos, lembrando que a associação a que preside tem estado a fazer trabalho nesta área, que é preciso, contudo, ser intensificado para destruir esta “mancha amarela” que ameaça o restante património florestal.
O presidente da CAULE deixa, de resto, o apelo às autarquias e aos proprietários florestais para “se preocuparem com este problema”, tomando medidas dentro das suas propriedades e, no caso, dos Municípios promovendo ações de sensibilização sobre esta problemática. Com o objetivo de alertar o público mais jovem para os efeitos nefastos da proliferação das acácias, a Associação Florestal da Beira Serra irá lançar uma campanha de informação/ sensibilização, envolvendo as escolas, sobre esta espécie invasora.