Ana Abrunhosa emociona-se na cerimónia de entrega de 13 casas a famílias vítimas do fogo em Oliveira do Hospital.
A presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, aproveitou a vinda a Oliveira do Hospital para entregar formalmente mais 13 habitações a famílias vitimas do incêndio de outubro de 2017, para se insurgir contra aqueles que a têm criticado pela demora no processo de reconstrução das casas de habitação permanente.
Na presença das famílias, no salão nobre da Câmara Municipal, Ana Abrunhosa pediu “discernimento” aqueles que querem continuar a fazer destas famílias “vítimas”, e lamentou os aproveitamentos que se têm verificado, ao longo deste processo, à custa “da dor das pessoas”. “Chega de fazerem aproveitamentos, chega, estamos a falar de pessoas não estamos a falar de números”, exortou a presidente da CCDRC, que considerou mesmo “desumano” o que se tem verificado, nomeadamente quando é posto em causa o apoio às famílias que perderam as suas casas. “Não queremos que as pessoas sejam vitimas outra vez, há muitas famílias injustiçadas, quando vêm dizer que receberam apoio e que não deveriam receber”, referiu Abrunhosa, garantindo que a lei foi cumprida em todos os casos – e por isso se explica também a demora no arranque na reconstrução de algumas casas.
Para a presidente da CCDRC que “ninguém venha dizer que houve famílias que receberam apoio que não mereciam”, porque as regras para aceder ao Programa do Governo de Apoio à Reconstrução de Habitação Permanente eram bastantes rígidas e a CCDRC cumpriu-as à risca, mesmo que isso tenha custado mais algum tempo e burocracia. “Chamem-nos burocratas e o que quiserem, mas eu não abdico de cumprir a lei”, referiu, considerando “fácil” quem só sabe “criticar à distância”, mas nada faz.
Num discurso que teve tanto de emotivo como quase representou um grito de revolta, a presidente da CCDRC fez um novo balanço do Programa de reconstrução das habitações na região, lembrando que das mais de 800 casas aprovadas, estão neste momento por concluir cerca de 200, que deverão entretanto ficar prontas até finais de julho. “Temos como horizonte o mês de julho”, sublinhou, adiantando que os processos mais atrasados prendem-se com aqueles que as famílias ficaram como donos da obra, o que está a acontecer por dificuldades de arranjarem empreiteiros e mão de obra disponível. “Temos que ver que isto nunca tinha acontecido, nunca tinha acontecido uma tragédia destas”, lembrou a presidente da CCDRC, que entende os “momentos de desespero” das famílias quando ficaram sem tecto e agradece a “paciência” que tiveram até aqui, porque “uma casa não se constrói num ano, nem às vezes em dois”. E neste caso foram muitas casas para reerguer ao mesmo tempo. “Há muita coisa que nunca vos vamos devolver, as vossas memórias, o cheiro das vossas casas, muitos de vós teriam preferido a vossa casa mesmo velhinha”, constatou Ana Abrunhosa, que desejou muita saúde aos proprietários para poderem “usufruir” das suas novas habitações.
Um dia que foi também de alegria para o presidente da autarquia, José Carlos Alexandrino, que tal como a presidente da CCDRC, mostrou-se orgulhoso por ver cumprida mais uma meta na reconstrução das casas que arderam no seu concelho, porquanto “a caminhada” para chegar até aqui foi muitas vezes marcada pela “dor e sofrimento”. “Neste processo nem tudo correu bem, todos temos consciência disso, mas há uma coisa que me tranquiliza é que a maioria das pessoas está hoje melhor alojada do que estava antes”, afirmou o edil, que criticou uma vez mais o “aproveitamento mediático” de alguns que “induzem os jornalistas em erro” só para aparecerem na televisão.
Com 96 casas já concluídas e 31 ainda em fase de obra no concelho, Alexandrino garante só será um presidente completamente feliz quando esta tarefa terminar, o que tudo aponta para finais de julho, no entanto, viveu mais um momento de felicidade com mais 13 famílias a regressarem às suas casas.