Apostada na recuperação cultural das tradições lúdicas do Entrudo, vivenciadas na Freguesia de Meruge, a ADSCVC, em pareceria com a Junta de Freguesia e as colectividades locais, vai promover, pelo segundo ano consecutivo, dia 10 de fevereiro, sábado, durante a tarde/noite, a CÉGADA DO ENTRUDO.
Vir para a rua “correr o entrudo”, organizar as características “cegadas”, era uma prática comum a todas as aldeias da beira serra antes dos abrasileiramentos das nossas tradições carnavalescas.
Esta picaresca manifestação burlesca gira à volta de “ditos” e cantigas em que impera a crítica social e de costumes, a que a cacofonia dos improvisados instrumentos de percussão e o impostor choro das carpideiras viúvas, empresta o ambiente de desmando colectivo e de ruptura. Improvisar rudes máscaras de papelão, transfigurar-se com roupas velhas usadas pelo sexo oposto ou colocar meias de vidro sobre a cabeça, são “disfarces” ao alcance de todos os estratos sociais, que tornam a “cégada” uma manifestação democrática.
O início do período quaresmal, convidava a extroverter os desejos “pagãos”, a dar largas à folia bizarra e à estúrdia social, proibidas que estas práticas iriam ser durante o longo período de “penitência e jejum” impostos pelos cânones religiosos.
Integrar o desfile pelas ruas da freguesia com os trajes a condizer, trazer o funil para berrar umas quadras de sátira social, enriquecer o baile de máscaras, “arrematar” um bolo, uma garrafa, convidar ou ser convidado na “moda da flor”, são tudo atractivos que contribuem para manter viva esta secular tradição e ajudar a causa social da ADSCVC.
A iniciativa culminará com a Queima do Entrudo, no Terreiro do Santo, depois do féretro percorrer as ruas da freguesia, entre apupos, piropos e aplausos. Depois de lida a sentença, sempre drástica e inclemente, o “Entrudo” perecerá na pira purificadora em que será incinerado.
A Companhia de Teatro Viv’arte, será parceira nesta iniciativa.