Todos temos diferentes hábitos alimentares e é normal que a forma como comemos seja afetada quando nos sentimos sob pressão, em sofrimento ou em stresse. Podemos desejar um alimento em particular (como o chocolate), perder o apetite, comermos mais ou nem sermos capazes de comer. Quando essas situações difíceis passam, voltamos a comer normalmente.
Já todos comemos um pacote de bolachas porque estávamos aborrecidos ou devorámos uma tablete de chocolate enquanto estudávamos para um teste que nos estava a preocupar.
No entanto, se durante um período de tempo mais longo comemos muito pouco ou em demasia, nos preocupamos excessivamente com o nosso peso ou com o aspeto do nosso corpo, podemos desenvolver uma perturbação alimentar. A comida pode tornar-se cada vez mais importante na nossa vida e, nalguns casos, torna-se a coisa mais importante e à volta da qual a nossa vida gira. Podemos negar comida a nós próprios mesmo quando temos fome, ou comer constantemente ou comer compulsivamente. Podemos pensar constantemente em comida ou no nosso peso.
As perturbações alimentares são muito mais do que iniciar uma dieta ou fazer exercício físico todos os dias. Representam padrões extremos de comportamento alimentar e formas de pensar sobre a alimentação, sobre as quais não sentimos controlo. Por exemplo: dietas sucessivas ou uma dieta que se torna muito restritiva. Desta forma, a alimentação pode afetar negativamente a nossa vida. Mas não se trata apenas de “comida” e “comer”. As perturbações alimentares também dizem respeito a problemas complexos e a sentimentos dolorosos – difíceis de expressar, confrontar e resolver.
Existem várias perturbações alimentares, como a anorexia, a bulimia ou as compulsões alimentares. Todas estas implicam uma preocupação exagerada com a alimentação, o exercício físico, o peso ou a forma do corpo.
Podemos estar a comer compulsivamente quando utilizamos a comida em situações em que nos sentimos “em baixo” e precisamos de regular as emoções, quando nos sentimos infelizes e comemos como forma de conforto. Podemos passar o dia a comer sem conseguirmos parar ou dar por nós a comer uma quantidade exagerada de doces enquanto vemos televisão. Como consequência, é provável que tenhamos peso a mais e que possamos desenvolver problemas de saúde física por causa disso.
Alguns sinais que podem indicar a existência de um problema do comportamento alimentar:
- Estar sempre em dieta ou comer grandes quantidades de comida (sem alteração do peso);
- Ter medo de ganhar peso;
- Obsessão com o que come, com a comida e com o controlo do peso;
- Estar constantemente a pensar e a falar sobre comida, peso, imagem corporal;
- Contar todas as calorias do que come ou pesar tudo o que ingere;
- Comer apenas determinados alimentos (evitando os mais calóricos);
- Esconder comida ou deitá-la fora;
- Fazer exercício físico em excesso;
- Evitar atividades sociais que envolvam comida, nomeadamente festas e jantares;
- Usar roupa larga para disfarçar a perda de peso;
- Mostrar-se fraco, cansado, sem energia e com dificuldades de concentração;
- Mostrar-se triste e deprimido.
Ter um problema com a alimentação não é raro nem deve ser motivo de vergonha. Qualquer pessoa, de qualquer idade pode ter uma perturbação alimentar. É muito difícil resolver esses problemas sozinho/a e receber ajuda o mais cedo possível é muito importante.
Os problemas do comportamento alimentar são problemas graves e sérios, podem colocar em causa a nossa saúde física e até mesmo a nossa vida. Contudo existem intervenções eficazes para as perturbações alimentares, que nos permitem alcançar uma vida equilibrada e saudável. É fundamental procurar ajuda, médica e psicológica.
Mariana Guilherme