A parentalidade é uma das tarefas mais complexas da vida adulta. A adolescência e as grandes mudanças que a caracterizam exigem aos pais ajustamentos no seu estilo parental e de educação, para que possam acompanhar estas mudanças. É no balanço entre uma vivência descontraída desta etapa de desenvolvimento da família com filhos adolescentes e a atenção aos desafios colocados à família, aos pais e ao adolescente em particular, que a comunicação Pais-Filhos assume especial importância.
A adolescência é uma fase da vida caracterizada por grandes mudanças físicas, biológicas, intelectuais, psicológicas, sociais e emocionais. São mudanças que acontecem em conjunto e que se influenciam reciprocamente. Durante um período de tempo considerável, uma combinação entre maturidade e infantilidade, antecede a vida adulta. Nesta fase, a instabilidade afetiva, as dúvidas e as angústias, a vivência de novos papéis, de novas emoções e de novos modos de se relacionar com os outros ocorrem, traduzindo, geralmente, uma etapa “de crise” esperada, normativa e saudável. Trata-se de um período crítico, mas simultaneamente necessário à construção da autonomia à definição da identidade e à exploração da intimidade.
A existência de canais de comunicação abertos, num contexto de atenção e disponibilidade para com o seu filho, permitir-lhe-ão explorar o novo mundo com confiança, com a segurança de sentir que os pais estão lá, para apoiar e para, eventualmente e se necessário, amortecer o sofrimento. Os adolescentes precisam dos pais, de ser ouvidos, escutados, compreendidos e reconhecidos. Desejam o amor e afeto, e necessitam de orientações adultas. Os adolescentes mais confiantes e bem-sucedidos são aqueles cujas famílias conseguem um equilíbrio entre constituírem-se como uma base de apoio segura para os seus filhos adolescentes e permitirem-lhe explorar o mundo que o rodeia. Esta exploração que o adolescente faz de si próprio e do mundo permite-lhe construir a sua identidade e implica ter confiança em si próprio, sentido de iniciativa e sentido de continuidade da sua história de vida pessoal e familiar.
Uma relação onde existe afeto, confiança e aceitação é caraterística de práticas educativas democráticas e orientadoras. Este é o estilo educativo que melhor funciona na adolescência. Neste estilo educativo há lugar para as regras, as normas e os valores e ao mesmo tempo para a capacidade de escuta e de negociação. Neste contexto educativo, o adolescente constrói a sua identidade e a sua autonomia de forma saudável e está mais preparado para experienciar relações de intimidade.
Algumas sugestões sobre como Comunicar com o seu filho:
- Fale com o seu filho sempre que puder, mesmo que lhe pareça que ele não quer conversar consigo. Escolha o momento oportuno para o fazer: poderá ser na viagem de carro ou numa ida às compras, permitindo-lhe focar-se em algo enquanto fala.
- Sempre que o seu filho tiver questões, responda-lhe honestamente e com segurança. Peça-lhe também a sua opinião sobre o assunto e escute as suas respostas.
- Providencie ao seu filho muito tempo de família, um tempo de exclusividade, diferente do tempo de família que inclua os amigos do seu filho, uma vez que é natural que este prefira passar o seu tempo na presença de amigos.
- Seja firme e simultaneamente compreensivo se o seu filho responder a situações de stress com zanga, rabugice ou amuo, assegurando-lhe que espera que ele dê o melhor de si mesmo na situação. É natural que as oscilações hormonais do seu filho lhe provoquem altos e baixos e que situações de stress possam extremar ainda mais estas variações.
Num período de grande construção, as emoções são vividas de forma intensa e há uma tendência para o adolescente se distanciar de quem impõe e faz as regras, nomeadamente os seus pais. O papel dos pais torna-se especialmente importante na construção de uma relação de confiança, de transparência e de respeito entre ambas as gerações.
Sobreviver à Parentalidade não parece tarefa fácil. No entanto, sabe-se que pais mais calorosos e envolvidos tendem a manter relações mais abertas e fortes com os seus filhos e uma comunicação mais positiva e eficaz.
Mariana Guilherme