ANCOSE aposta em Centro de Recria para garantir repovoamento.
Logo no pós incêndio foi a partir das instalações da Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela (ANCOSE) que derivou toda a ajuda para que os pastores pudessem dar alimento aos animais. Mas diante da morte de 8500 cabeças, cerca de cinco mil no concelho de Oliveira do Hospital, o caminho passou necessariamente pela aposta num centro de recria que garanta o repovoamento da região com a raça de ovelha autóctone, a ovelha Serra da Estrela.
Manuel Marques, presidente da Associação Nacional de Ovinos da Serra da Estrela, lembra que a ideia não é nova e já chegou a ser implementada pelo Estado que, acabou porém por encerrar os dois centros de recria que tinha ativos em Gouveia e em Tondela. Diante da progressiva perda de animais, por força do abandono da atividade, a Ancose já planeava apostar num centro de recria, “substituindo-se ao Estado”, num projeto que estava a ser trabalho com o Município de Oliveira do Hospital. O grande incêndio de Outubro, acabou por precipitar esta situação. “A Ancose deitou mãos à obra e começou a comprar borregas”, conta o responsável, verificando que se no início o centro foi provisório, agora trata-se de “um centro de recria a sério” e que tem contado com vários contributos financeiros. O objetivo é recriar borregas e doá-las aos pastores que perderam animais no grande incêndio. “Daqui a mais um mês ou dois, estamos em condições de distribuir 400 borregas. Vamos fazer uma distribuição equitativa”, assegura Manuel Marques.
Uma vez iniciado o projeto, o dirigente garante que o centro de Recria não é para parar, sendo que numa fase posterior as borregas já não serão doadas, serão vendidas. O objetivo é assegurar o repovoamento da região com ovelhas Serra da Estrela, para que a raça não se extinga.
Só no incêndio de outubro morreram 8500 animais em toda a região demarcada, mas Manuel Marques verifica que “ainda temos cerca de 40 mil ovelhas bordaleiras inscritas no livro genealógico”. A situação levou a quebras de cerca de “um terço” na produção de leite, seja pela morte dos animais, seja também pelo stress traumático sentido pelas ovelhas que presenciaram o incêndio e que, por isso, deixaram de produzir as habituais quantidades de leite.
No pós incêndio, Manuel Marques assegura que por via da solidariedade dos portugueses e acção dos municípios e da Ancose “nenhum animal passou fome”. Mas, agora o momento é de repovoar a região e de assegurar a produção do queijo. Acérrimo defensor do Queijo Serra da Estrela, o dirigente garante não cessar na defesa daquela iguaria. “Até que a voz me doa”, assevera, admitindo que “com a seca e os incêndios, a pastorícia na nossa região e no nosso concelho tornou-se muito difícil para os nossos pastores”.
Atendendo à redução na produção de Queijo Serra da Estrela, Manuel Marques admite que o peço desta que é uma maravilha da gastronomia portuguesa possa subir. “É um produto de grande trabalho e grande cuidado e os pastores devem ser compensados por isso”, refere o responsável, alertando para o facto de que “há queijo” e “há queijo Serra da Estrela”.