O único vereador da oposição na Câmara de Oliveira diz que o valor da dívida que o PS herdou de Mário Alves não é de 7,5 milhões mas de cerca de 4 mil. Francisco Rolo garante que os números que João Brito apresentou, em reunião pública do executivo, foram apenas “uma encenação para a comunicação social”.
O único vereador do PSD na Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, João Brito, diz que o valor da divida que o PS herdou dos executivos de Mário Alves não é de 7,5 milhões, mas de 3,9 milhões, e lembra que o Partido Socialista, quando já tinha sido poder no Município, no tempo do executivo de César Oliveira, deixou uma divida muito superior, de cerca de 8 milhões, e “deixou zero no banco”.
Números que “incendiaram” a discussão antes da ordem do dia da última reunião pública do executivo camarário oliveirense, com o vice presidente da Câmara, José Francisco Rolo, a lamentar a “encenação com uma cábula que alguém lhe deu” do vereador da oposição, apenas com um objetivo: a “comunicação social” que estava presente. “O número incomoda, mas paciência. São números de verdade”, contestou o número dois do executivo, que se encontrava a liderar os trabalhos por motivo de férias do presidente da Câmara. “Parece que alguém, por estranhas razões, insiste em justificar o passado, o mesmo passado que foi rejeitado duas vezes em eleições”, referiu Francisco Rolo, lamentando a “engenharia financeira” que o vereador da oposição acabara de fazer, e acima de tudo, o facto de pôr em causa o nome e a obra deixada por César Oliveira no concelho.
“Desafiava o PSD e o vereador João Brito a perguntar aos oliveirenses de norte a sul do concelho qual foi o presidente da Câmara mais marcante depois do 25 de abril, em obra feita, em projeção e divulgação do concelho, em dinamização da atividade económica, em infra estruturas e equipamentos”, desafiou Rolo, lembrando ao eleito do PSD que os apregoados dois milhões que ficaram no banco do empréstimo contraído por Mário Alves em 2009, custaram ao Município mais de duzentos e sessenta mil euros, “por utilização fora do prazo”. “Foi esse valor que a Câmara gastou pela má gestão do empréstimo contratado”, garantiu o vice presidente do executivo, acusando João Brito de ter dividido o mundo numa espécie de maniqueísmo: em que no seu tempo fazia-se tudo e não havia dinheiro, e agora não se faz nada e temos o dinheiro todo”.
Isto depois do autarca da oposição ter acusado o atual executivo de ter divida e não ter obra, questionando mesmo onde estão os “3,5 milhões de euros”, que segundo referiu, resultam da soma dos dois milhões que não foram usados do empréstimo, mais 1,5 milhões de financiamento de obra que ficou concluída, fazendo ver que esse dinheiro foi gasto em “feiras do queijo com toda a gente a comer em Oliveira do Hospital e Voltas a Portugal em bicicleta”.
“Este executivo não consegue explicar onde é que estão os 3,5 milhões, é que o dinheiro já lá não está e obra não temos nada”, criticou, desafiando os oliveirenses a analisarem o filme promocional do concelho que a Câmara lançou há um ano atrás, pois “todas as obras que lá estão eram obras do PSD”. “Mais parece um filme promocional do PSD”, referiu João Brito, fazendo ainda referência à “transparência” das contas no tempo do PSD, o que lhe valeu um reconhecimento numa publicação dos Técnicos Oficiais de Contas em 2011, como “um caso exemplar” em termos de municípios.
Num ambiente já crispado, Francisco Rolo, não só considerou ofensivas e do domínio do “enxovalho” as acusações de João Brito, quando se referiu ao dinheiro gasto em festas, como contrapôs a visão “maniqueísta” do vereador da oposição com um conjunto de obras feitas pelos executivos do PS e que o PSD não quer ver. “Talvez a estrada do moinho do buraco não lhe diga nada, a obra de remodelação do mercado municipal não lhe diga nada, o Centro Escolar de Nogueira nada lhe diga” afirmou, pormenorizando as obras, uma a uma, que foram iniciadas e já foram concluídas pelo PS, com destaque para o investimento no desenvolvimento económico e nas zonas industriais do concelho, lembrando o vereador laranja que foram os executivos de Alexandrino que desbloquearam a ampliação da ZI da cidade e conseguiram a instalação da primeira empresa no polo industrial da Cordinha, 20 anos depois desta ter sido criada também por um executivo do PS.
Também o vereador João Ramalhete arrasou o vereador do PSD, considerando “vergonhosa” a posição de João Brito relativamente ao antigo presidente da Câmara, César Oliveira. Um homem e uma figura incontornável da história do concelho que “fez mais em quatro anos do que o senhor que lhe fez as cábulas fez em 16 anos”, rematou, numa clara referência a Mário Alves que foi apontado como tendo preparado a lição ao jovem vereador do PSD para esta reunião pública do executivo.