Partiram de Oliveira do Hospital na passada segunda feira, dia 14, e esta manhã já se encontravam em solo polaco, onde vão integrar as ações de voluntariado, nos postos fronteiriços de Korczowa e Medyka, dois dos postos da linha da frente da ajuda aos refugiados que chegam, aos milhares, todos os dias, da Ucrânia.
André Pereira e Sebastião Barbosa fizeram a viagem no seu próprio carro, e além dos cerca de 250 kg de mantimentos angariados através da Associação de Jovens de Lagares da Beira (AJLB), têm estado a suportar todas as despesas sozinhos.
Ontem lançaram o apelo, através das redes sociais, à solidariedade dos oliveirenses para a recolha de donativos em dinheiro para ajudarem a custear a viagem e a resposta tem sido muito positiva, dizem. “Já temos 30 donativos”.
“A principal razão para estarmos a viajar até à Fronteira da Polónia com a Ucrânia é cumprir o imperativo da solidariedade europeia”, justificam os dois jovens oliveirenses, que “não se sentiam bem estar em suas casas a ver as noticias e não fazer nada”. “Enquanto europeístas que somos queremos ajudar a construir uma Europa melhor”, referem, ainda, inconformados com o conflito e com o sofrimento por que está a passar o povo ucraniano.
“Custa-nos uma semana, custa-nos alguns euros é certo, mas não podíamos fazer nada melhor neste momento do que vir ajudar os refugiados”, fazem notar, já com alguns milhares de quilómetros percorridos. “A nossa ajuda pode ser simbólica, mas se 2% dos europeus fizessem o mesmo, o problema resolvia-se sozinho”, afirma ainda André Pereira, que embora limitado à capacidade da sua viatura, transporta inúmeros bens recolhidos pela AJLB para serem doados junto das equipas de voluntariado no terreno, a quem já se voluntariaram de resto para apoiar.
O objetivo passa também por trazerem refugiados que queiram vir para Portugal, com capacidade máxima de três pessoas, sendo que uma pode ser pequena porque “levamos uma cadeirinha de bebé”.
A cerca de 500 km da fronteira da Polónia com a Ucrânia, os dois oliveirenses já estão informados de que terão de fazer a inscrição num dos centros de receção aos refugiados, onde deverão ficar a aguardar indicação de quantas pessoas “podemos trazer”. Isto porque tem havido relatos das organizações não governamentais no terreno a denunciarem situações de eventual tráfico humano e “eles precisam de assegurar que as boleias são seguras e de confiança”.
André Pereira e Sebastião Barbosa esperam, por isso, poderem vir acompanhados no regresso, notando que a solidariedade é visível Europa fora, nas auto estradas, com inúmeros veículos a cruzarem-se exatamente a “fazerem o mesmo”, a tentarem ajudar, como podem, os ucranianos.