Passados quase 5 anos sobre os fatídicos incêndios de 2017, ainda não acertámos na solução para andarmos tranquilos. Basta olhar à nossa volta. As opiniões são claras. Continuamos a ter um fraco ordenamento florestal.
As emoções da Primavera soltam geralmente os nossos desejos de sol, de aproveitar as atividades ao ar livre, as praias, as esplanadas. Os dias crescem e cresce também a vontade de desfrutar das belezas naturais do nosso país. Começando pelo Nosso concelho, que tem excelente e diversificada gastronomia, alojamento e um património natural, cultural, histórico e paisagístico, amplamente potenciado e divulgado pelo Município. E Praias Fluviais de reconhecida qualidade. É um facto que temos o mais importante. Pessoas hospitaleiras, que sabem receber e que convidam tod@s a vir e a descobrir Oliveira do Hospital, em cada canto do Nosso concelho. E não é só porque é Nosso. É porque vale a pena viver as emoções. Fica o convite.
Há factos que ainda não estão claros. O decretado fim da pandemia, que afinal não o é, trouxe a vontade de voltar a conviver, fazer festas, recuperar o tempo perdido. É este o nosso espírito latino, a nossa célebre maneira de rapidamente esquecer o que passámos, e muitas vezes pouco ou nada aprender com algumas tragédias que nos têm acontecido. Mas os factos ainda são duvidosos. Continuamos infelizmente com um ainda elevado número de mortes por Covid e com a incerteza de que podemos regressar normalmente ao período pré-pandemia. As opiniões dividem-se. Os especialistas gerem números e expectativas e vão dando indicações ao sabor dos tempos. Nós queremos ver-nos livres das máscaras, das restrições, dos testes. As emoções sobrepõem-se muitas vezes à razão. Cabe agora a cada um de nós ter a capacidade de gerir a sua forma de lidar com o problema. Na certeza de que a nossa atitude influenciará sempre a saúde de todos os outros. Há factos que me causam estranheza. Em pouco tempo fomos capazes de nos adaptarmos às reuniões à distância. Ao teletrabalho. À gestão pessoal, profissional e familiar do tempo. Subitamente muitas destas conquistas parecem agora absurdas. Um perfeito contra-senso.
Mas basta olharmos para outros factos que nos causaram fortes emoções, para percebermos que andamos distraídos. Passados quase 5 anos sobre os fatídicos incêndios de 2017, ainda não acertámos na solução para andarmos tranquilos. Basta olhar à nossa volta. As opiniões são claras. Continuamos a ter um fraco ordenamento florestal. Uma deficiente estratégia de limpeza florestal privada e pública. Leis, resoluções, entidades, associações, que não se complementam. Para uns a culpa é do Governo. Para outros a culpa é dos Municípios. Ou dos proprietários. Então também pode ser das alterações climáticas. É um facto que há sempre quem critique tudo e dispare para todo o lado. Esses são os que fazem parte do problema. Mas há um facto que é indiscutível. Temos um bem precioso que devemos preservar. Devemos investir no seu potencial. A Floresta não tem que ser um problema. Deverá ser vista sim, como a solução para o futuro de um país, que se quer sustentável, com uma verdadeira estratégia agro-florestal, que valorize os territórios, em especial os de baixa densidade, e que fixe pessoas. Enquanto continuarmos a olhar para a Floresta apenas quando a temperatura sobe e o risco de incêndio aumenta, com medidas avulsas como cartas de perigosidade que pintam tudo a vermelho, estamos a adiar uma responsabilidade que é de todos e não apenas culpa de alguns.
Esta opinião leva-me a outros factos que me preocupam. A escalada de custos da energia, que mexe nos nossos bolsos, mas que num futuro próximo será talvez o maior desafio da humanidade. A dependência energética é o maior condicionamento da nossa liberdade. E não se trata de termos combustível para os nossos meios de transporte. É toda uma cadeia de bens essenciais que está em risco. Desde a água, aos alimentos, tudo é posto em causa. Dito assim, parece uma frase da escola primária. Mas se calhar, as emoções só se tornam reais, quando o básico nos falta. E não queremos chegar a esses pontos. Se acabar com a estúpida guerra já não depende de nós, há tanto que podemos fazer. Sem fundamentalismos, mas com objectivos de futuro. Alguém percebe que o Sol que temos no nosso país, não possa ser transformado em ainda mais, e mais energia? E o vento? E a água do mar? Não pode ser dessalinizada, e sermos até exportadores de água potável? São apenas exemplos de que temos um país tão rico em recursos. Precisamos de investir de forma mais clara nessa riqueza. A transição energética não pode ser apenas uma parangona. É um facto inadiável que este é o tempo de agir. Cada dia que apenas reagimos, é mais 1 dia em que deixamos suspenso o futuro de cada um de Nós.
Obrigado pela paciência e boa Primavera.
Daniel Dinis Costa