Vítor Santos (Treinador de futebol de formação)
O problema da coordenação e da articulação clube (treinador / dirigentes) – pais – atletas é uma temática atualíssima, sem que isto signifique que seja um problema novo. O principal objetivo é contribuir para alertar os pais para a importância da família em participar na prática desportiva, uma vez que toda a inovação e mudança podem favorecer a vida de seus filhos.
A participação dos pais é atual, pertinente e importante. O mundo não é estático e as sociedades sofrem mutações. Os clubes viveram no final do Século XX algum deslumbramento que levou à falência de muitos e não criaram condições que lhe permitam hoje serem autossustentáveis. Com a indisponibilidade que existe nos tempos de hoje, para se ser dirigente associativo, os clubes abdicaram das suas responsabilidades e criaram a figura do «pai pagador» sem qualquer tipo de regulação da atividade na prática desportiva do atleta-filho.
A experiência como treinador da formação, durante quinze anos, permitiu um contacto estreito com esta problemática Clube (treinador) / Família dos atletas. A interação entre a família, escola e a prática desportiva é que permite a evolução sustentada e o sucesso do jovem.
Correntemente, a utilização do conceito de participação, quando aplicado ao envolvimento das famílias nas questões extra escolares que as respetivas crianças e jovens frequentam, não levanta dúvidas significativas e parece corresponder a um significado claro. Contudo, uma análise mais profunda revela geralmente importantes diferenças de conteúdos de utilização do conceito, as quais correspondem, mais ou menos implicitamente, a perspetivas diferentes acerca do que é o que deve ser, a referida participação.
A “relação clube- família” inclui as noções de parceria, de partilha de responsabilidades e de participação, assentes na ideia de que o sucesso de todos só é possível com a colaboração de todos, mas na maioria dos casos, a preocupação primordial centra-se nos treinadores e nos árbitros, esquecendo-se os “atores principais”, enquanto razão de ser desta problemática. Ambas servem as mesmas crianças e jovens. Filhos num lado, atletas no outro, são os mesmos seres humanos. Tanto o clube como a família se preocupam com o seu bem-estar. Aparentemente estariam perante uma aliança natural. No entanto, basta ouvir pais e treinadores para percebermos que existe, muita das vezes, uma relação conflituosa.
Quando os pais têm uma relação positiva com os outros intervenientes desportivos, eles podem ajudar aos filhos a terem um comportamento assertivo na atividade desportiva. A dessincronização entre o clube e a família é, sem dúvida, um obstáculo ao sucesso dos jovens mais em risco. Os efeitos positivos do envolvimento dos pais no aproveitamento desportivo fazem-se sentir em todos os escalões etários e competitivos.
Não há uma única maneira correta de envolver os pais. Os clubes devem procurar oferecer diversas formas de participação. A intensidade do contato é importante e deve incluir, não só regulamentos, mas também reuniões gerais e comunicação escrita, através dos canais de comunicação existentes nos dias de hoje. Os jovens atletas são, pois, o ponto comum entre o clube e a família. Uns e outros têm papéis específicos. O desempenho adequado destes é absolutamente necessário, para uma melhoria do sucesso formativo dos atletas.
Os atletas querem sempre os pais nos jogos a apoiar a sua equipa.