O Governo acaba de confirmar a intenção de criação de uma via de acesso especial para que alunos do ensino profissional possam entrar no ensino superior, com efeitos já no próximo ano letivo 2020/2021.
Esta proposta colheu a concordância do Conselho Pedagógico da EPTOLIVA – Escola Profissional de Oliveira do Hospital, Tábua e Arganil, órgãoconstituído pelos docentes, diretores de turma e diretores dos cursos profissionais, que corroboraram a justeza desta medida, baseada nos planos curriculares específicos destes cursos mais práticos e profissionalizantes. No regime em vigor, a realização de exames nacionais em disciplinas da componente sociocultural e científica no 12º ano, em simultâneo com a obrigatoriedade de os alunos do profissional terem de realizar o estágio profissional e a Prova de Aptidão Profissional, constitui-se como uma das maiores barreiras ao prosseguimento de estudos, colocando os alunos do ensino profissional em desvantagem nas possibilidades de acesso ao ensino superior.
Segundo este órgão deliberativo da EPTOLIVA, o novo modelo de acesso ao ensino superior para os alunos que frequentam cursos profissionais, é uma medida perfeitamente justa, que promove a todos os estudantes as mesmas oportunidades de acesso na escolha do percurso escolar, daquela que é a geração de futuro deste País.
Daniel Costa, Presidente da ADEPTOLIVA, confirma que o incentivo ao ingresso no ensino superior é uma estratégia clara, assumida pela EPTOLIVA, que para além de apostar na qualidade do ensino na preparação dos seus alunos, estabeleceu também a atribuição de prémios aos candidatos a cursos superiores, o que tem posicionado esta escola profissional com taxas de ingresso no ensino superior acima da média nacional. No entanto, considera que este Governo deve ir mais longe. “No regime em vigor, a ponderação percentual dos exames nacionais na média de acesso aos cursos superiores é demasiado elevada, na medida em que um simples dia mau num exame pode deitar por terra todo um percurso escolar brilhante, com a agravante de que não é expressiva do esforço do percurso escolar destes alunos, nem valoriza a dimensão prática e o perfil de aptidão e competências exigido em cursos profissionais. Na verdade, o acesso ao ensino superior, não deve estar limitado apenas a médias e exames, porque não é esta a forma mais eficaz de avaliar a qualidade de ensino secundário, em qualquer das suas vias de ensino. Faz, por isso, todo o sentido que este novo regime de acesso ao ensino superior seja extensivo também para o ensino regular”, refere o dirigente.
Sobre esta matéria, Daniel Costa, deixa aqui o desafio, “para que possa existir uma reorganização da rede de ensino superior, visando a especialização destas instituições em cursos que possam dar resposta às áreas diplomadas no ensino profissional. Da mesma forma, é inegável estar aqui uma medida de Incentivo à Valorização do Interior, se as instituições de ensino superior quiserem agarrar esta oportunidade, fazendo por se diferenciar com ciclos de estudos que melhor cumpram a função de atração, fixação e formação da população em regiões de baixa densidade demográfica. Não podemos queixar-nos que não valorizamos o interior e depois colocarmos entraves às medidas que são lançadas. Deve haver um diálogo e concertação para que as novas regras de acesso ao ensino superior sejam justas, coerentes e adaptadas à realidade da Educação actual, que deve ter no ensino superior um início e não um fim”.