Posto de Apoio em Senhor das Almas nunca recebeu tantos peregrinos.
Há 16 anos que o Posto de Apoio ao Peregrino em Senhor das Almas é local de paragem obrigatória para os muitos peregrinos que se deslocam, por esta altura, a pé, até ao Santuário de Fátima.
Vindos maioritariamente da região da Guarda e Trás-os-Montes, estas pessoas vêm neste posto de apoio, mais que um local onde é possível curar as mazelas físicas, o sitio ideal para recuperar forças e alento para a longa caminhada que ainda resta até Fátima.
Este ano não é exceção, como conta José Agostinho Nunes, o coordenador do grupo de voluntários que se junta por estes dias para ajudar quem percorre os caminhos da fé. A única diferença é que há muito mais gente, diz. “Este ano está a ser um ano com muita, muita gente, está a ser um ano completamente diferente com a vinda do Papa”, garante, acreditando que este ano vão prestar assistência a cerca de 400 peregrinos. “Isto só a falar naqueles a quem damos dormida e comida, porque por aqui passam muito mais”, relata, aproveitando para agradecer os apoios das muitas IPSS’s do concelho que têm colaborado com este grupo de voluntários, nomeadamente em termos de bens alimentares, para a confeção das refeições para os peregrinos.
“Têm-nos dado um bom apoio, têm sido espetaculares”, faz notar José Agostinho, que até ao dia de segunda-feira (8) contabilizava quase o “dobro” dos peregrinos, de anos anteriores. “Nós já estávamos a contar com isto, mas como tem passado tanta gente durante o ano, que até pensamos que houvesse menos gente, mas não”, diz, lembrando que, em termos de voluntários a dar apoio, “têm-se mantido mais ou menos os mesmos”.
Quem se mantém de ano para ano, são também muitos dos peregrinos que por ali passam. “As pessoas já sabem que estamos aqui, chegam aqui e adoram ser recebidos por nós e saem daqui, a dizer que vão bons, isso dá-nos uma alegria enorme”, conta José Agostinho Nunes, que juntamente com a equipa médica e de enfermagem, ajuda a aliviar as feridas dos peregrinos. “Muitos deles já chegam aqui com cinco dias de caminhada. Normalmente queixam-se dos pés e músculos das pernas, mas também há queimaduras quando está calor”, refere, acreditando que a forma como são acolhidos é mais de “meia cura” para muitas das pessoas que ali procuram assistência.
“Não é só aquilo que lhe damos de comer e de beber, nós ouvimos aqui muitas histórias de vida, alguns partilham connosco coisas que nos fazem meditar”, garante o voluntário, constatando que a maioria “não vai a pedir nada à Nossa Senhora, mas a agradecer aquilo que lhe foi dado sem eles pedirem”. “Ainda ontem estava aqui um jovem que já passa aqui há vários anos e decidiu contar a sua história de vida, contando a razão que o faz ir a Fátima e então ele contou que a mãe com 40 anos tinha ficado totalmente imobilizada, até que um dia quando chega de Fátima encontra a mãe a regar as flores no jardim, e hoje a mãe está como uma pessoa normal, faz tudo. São histórias como esta que nos fazem refletir e acreditar” conta, em tom emocionado, lembrando que “isto é uma pequenina gota do que as pessoas dizem”. “Isto deixa-nos emocionados”, afirma, prevendo, este ano, superar todos os recordes em termos de assistência aos peregrinos.