Vitor Neves – Gestor
A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital (ESTGOH), é uma das três melhores coisas que aconteceu no concelho e até na região, nas últimas duas décadas…merecia melhor sorte, merecia uma casa.
Há momentos que sempre nos tocam a campainha das emoções, apesar dos anos que passaram, apesar do outra vez ou do mais uma vez, apesar dos diferentes contextos.
Antes do verão regressei às aulas: fui à ESTGOH ser “professor” por um instante, utilizando como “cábula” o meu último livro, “My Management Playlist”. Foi um partilhar de experiências sobre os desafios da gestão de empresas, que me ocupam os dias. Um estremecer de emoções, temperadas por felicidade e ansiedade – foi sempre assim em cada regresso às aulas – no viver de uma bonita experiência para memória futura.
Mas não saí de lá em plena satisfação.
A ESTGOH, já com muitos anos de vida de resistência e resiliência, tem tudo, ou quase: tem trabalhadores não docentes disponíveis e aplicados, tem técnicos amáveis e empenhados, tem uma oferta de ensino estruturada, tem professores e tem…alunos! Alunos provenientes de várias geografias, nacionais e internacionais – cerca de 200 por ano!
Então o que falta? A ESTGOH não tem instalações. A escola ocupa um edifício antigo e ultrapassado: aquilo não são instalações dignas de uma escola do ensino superior português. Este é o quase que falta ao tudo da escola, e é de tal magnitude, que mata o conteúdo do tudo e mata a escola.
È do conhecimento geral e desde há muito, a insuficiência e a inadequação daquelas “instalações”…e da localização: até o parque de estacionamento é escasso. A experiência vivida atrás referida, incrementa o desconforto e o desgosto… ainda que se deva salvaguardar um merecido reconhecimento a quem tudo faz diariamente para dignificar aquele “palco” da escola.
Oliveira do Hospital não ajuda a compensar o incomodo de ser aluno ali! A grande maioria dos alunos que estiveram na “minha” sala, disseram-me que não gostam da cidade: falta alojamento, falta movida, falta transporte, falta oferta cultural, etc, etc. Os alunos (e os professores) vão todos os dias para as salas de aulas, se é que devemos assim designá-las, nas piores instalações do concelho disponibilizadas para o ensino e, provavelmente, nas piores instalações do instituto politécnico de Coimbra e do ensino superior nacional – não acredito que haja pior!
A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital (ESTGOH), é uma das três melhores coisas que aconteceu no concelho e até na região, nas últimas duas décadas…merecia melhor sorte, merecia uma casa.
Tudo indica que após a conclusão do extraordinário novo campus educativo do concelho, finalmente – caramba, finalmente! – a escola superior vai ter novas instalações, no local onde hoje existe a escola que outrora se designava como primária. Em simultâneo, a cidade também vai passar a ter uma residência para estudantes, embora ainda não se saiba exatamente quando, mas já se anunciou quanto vai custar: 10 milhões de Euros.
A cultura, o desporto e o conhecimento, são hoje pilares fundamentais para qualificação e promoção do território, para a gestão demográfica e para o desenvolvimento do bem estar social.
Oliveira do Hospital não tem casa da cultura há anos, a sua principal equipa para competir na modalidade desportiva mais popular do país tem de jogar em Tábua e a escola superior, 22 anos depois – sim, 22 anos!!! – continua instalada no outrora quartel dos bombeiros voluntários!!!!
Ou se acorda e se inverte este estado do sítio, ou será inevitável o chumbo no exame do futuro.