Três antigos secretários de Estado teceram duras críticas em Oliveira do Hospital.
“Uma dívida à italiana, uma taxa de desemprego à espanhola e uma recessão e caos social à grega”, foi assim que o deputado do PS e presidente da Comissão Parlamentar Orçamento e finanças, Eduardo Cabrita, retratou o país, durante um debate sobre o próximo Orçamento de Estado realizado em Oliveira do Hospital. Uma iniciativa a convite da Comissão Politica Concelhia do Partido Socialista que, além do antigo secretário de Estado de Orçamento e Finanças contou com a presença do ex-secretário de Estado das Comunicações, o oliveirense Paulo Campos, e ainda a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino. Um painel de “luxo” que contou também com casa “cheia”, ou não fosse o debate centrado num tema premente da atualidade política e social, como é o Orçamento de Estado para 2013.
Numa intervenção pautada por duras críticas à governação PSD/CDS, Eduardo Cabrita acusou esta direita estar a aplicar uma receita que “só funciona em ditadura” ou então nos “manuais de economia”, tal é o tratamento de “choque” que propõe para a economia portuguesa, assente “ no completo desconhecimento da realidade”. Para o deputado especialista em questões de orçamento e finanças, a receita para a consolidação das contas públicas não só falhou rotundamente, como vai continuar a aprofundar a recessão, criando uma “espiral recessiva”, fruto do aumento “brutal” da carga fiscal. O ex secretário de Estado considera que este aumento vai resultar na maior quebra de atividade económica nos últimos anos, “encolhendo-a” para níveis de 2009, “o ano da grande desgraça europeia”. “Este O.E. brada aios céus”, afirmou ainda o deputado, lamentando que desde o dia 7 de setembro o PS não tenha “interlocutor” para discutir estas questões. “O Governo é hoje o maior obstáculo ao consenso político”, continuou Eduardo Cabrita, perante o olhar atento de dezenas de militantes oliveirenses, ao mesmo tempo que acusava Cavaco Silva de ser um presidente da República “politicamente desaparecido” que tem “um governo perdido no seu labirinto”, pois “não é possível consolidar sem gerar atividade e emprego”, garante o conhecido parlamentar, que quando questionado sobre uma eventual mudança de governo respondeu simplesmente que “é necessário construir um novo consenso social”, já que “este perdeu a sua credibilidade no dia 7 de setembro”.
Também o deputado e ex secretário de Estado Paulo Campos não poupou críticas ao “caminho que tem vindo a ser seguido”, considerando uma “calamidade” o que está a ser feito às famílias e às empresas neste país. O ex governante refuta, aliás, a ideia que este governo faz passar de que “andámos todos a viver acima das possibilidades”, pois “o que fizemos foi um verdadeiro milagre, recuperar 30 anos de atraso”, afirmou ainda o deputado oliveirense, deixando claro que “não se envergonhava de nada do que esta democracia fez para as pessoas viverem melhor”.