Foto reportagem CLÁUDIO FIGUEIREDO – O santo-da-casa que faz milagres – por Tiago Cerveira

Em S. Paio de Gramaços (Oliveira do Hospital) há um homem que transforma comuns jovens em talentos do basquetebol. Cláudio Figueiredo nasceu na Alemanha, a 15 de Julho de 1978.  Quando tinha 10 anos os seus pais, emigrantes, regressaram a Portugal, concretamente a Travanca de Lagos, terra natal do seu pai. O futebol foi a primeira modalidade desportiva que Cláudio praticou, embora durante apenas dois anos. 

Em 1990 a Sociedade Recreativa e Lealdade Sampaense cria a sua secção de Basquetebol, apoiada pelo Benemérito Serafim Marques. Começou aí a história do “Basket em S. Paio de Gramaços”, história essa que se confunde com a carreira de Cláudio ou “Alemão” como era, e ainda raras vezes é, carinhosamente tratado. Fez toda a formação enquanto jogador no Sampaense e desde 1996 que começou a desempenhar a função de treinador.  Jogou até aos 30 anos, passou por todos os escalões e nos séniores somou vários títulos de vice-campeão, campeão nacional da 2ª divisão e campeão nacional da Proliga. Uma oportunidade de trabalho longe de casa obrigou-o a mudar para um clube mais perto da sua nova casa, jogou duas épocas na ARCO do Carregal do Sal e duas épocas no Gumirães (Viseu). Regressou à terra, em 2005, onde jogou mais duas épocas na Proliga. No final da temporada 2007/2008 terminou a sua apaixonante carreira de jogador. Dedicou-se inteiramente à função de treinador, lugar onde já há muito se destacava.  Em 2010 aceitou o convite para Selecionador Distrital Feminino de Coimbra, função que desempenhou durante três anos onde alcançou sempre o 3º lugar.

Com a nova época desportiva a começar, Cláudio tem mais um grande desafio. A direção do Sampaense pediu-lhe para ser o treinador principal da equipa sénior, que vai disputar a principal divisão nacional de basquetebol em Portugal. Pediram-lhe a tranquilidade “o mais cedo possível”, a manutenção, leia-se.  “Ser um homem da casa tem as suas vantagens e desvantagens”: considera positivo o facto de conhecer os cantos à casa e o espírito do clube, mas esta posição também o torna “um alvo fácil” à crítica quando algo corre menos bem, contudo, Cláudio Figueiredo agarrou esta época “com unhas e dentes” e está empenhado para alcançar aquilo a que se propôs. “De falta de entrega e de trabalho jamais se poderão queixar” adianta. Consciente das dificuldades financeiras e desportivas para competir na principal liga de basquetebol de Portugal, onde confrontam equipas como Sport Lisboa e Benfica ou Futebol Clube do Porto com orçamentos para a época, cinco ou seis vezes superior. Acredita que tem um plantel equilibrado e competitivo. Está confiante numa boa prestação e quer dignificar o nome do clube e do concelho nos principais palcos do basquetebol nacional. Apesar de jovem, Cláudio é um respeitado e prestigiado treinador. É o único com o curso nível 3, no concelho e um dos poucos na região. Já formou centenas de jogadores, onde vários chegaram à Liga Portuguesa de Basquetebol. Tem a ambição de um dia conseguir viver exclusivamente do basquetebol. Uma referência enquanto jogador e um exemplo enquanto treinador. O Pavilhão Serafim Marques tem saudades dos épicos “Triplos do Alemão”. Mas ele não despiu a camisola amarela e verde. Apenas mudou de posição no campo, pois continua a lutar pela vitória.

Exit mobile version