Álvaro Herdade garante que a unidade hospitalar oliveirense tem vindo a preparar-se para o pior cenário, mas tem esperança que isso não aconteça porque “há um enorme trabalho de casa”.
Álvaro Herdade é por estes dias um médico preparado para o pior. O hospital da Fundação Aurélio Amaro Diniz, a que preside, recebe ainda esta semana os primeiros 100 testes à Covid-19, com o apoio do Município de Oliveira do Hospital, que entretanto encomendou mais 500.
“O primeiro lote deve chegar hoje, temos essa indicação”, garante o clínico, que aguarda os testes comprados a uma empresa alemã para poder despistar os casos suspeitos.
“Fomos dos primeiros a encomendar estes testes, são testes muito fiáveis, avaliam dois parâmetros: se o doente está infetado ou se já esteve”, explica Álvaro Herdade para quem estes primeiros testes vão ficar disponíveis a toda a população que necessite deles, numa altura em que o rastreio ao novo coronavírus constitui ainda uma das maiores dificuldades no controle do surto. “A partir desta semana vamos poder fazer os testes, e disponibilizá-los a todos os lares do concelho” anuncia, lembrando que a palavra de ordem para já é vigiar os casos sintomáticos ou que possam ser suspeitos.
“Estamos muito preocupados, mas muito atentos e muito vigilantes aos hemodialisados, que fazem hemodiálise em Mangualde, porque sabemos que houve um caso positivo há poucos dias, mas por enquanto não temos ninguém com sintomas, e estamos a ter todos os cuidados”, refere o médico que espera não ser necessário utilizar o material que o hospital local tem neste momento para fazer face à pandemia: quer os testes rápidos, quer o equipamento de cuidados intensivos, como os três ventiladores e mais de 20 monitores que a Câmara Municipal ajudou a pagar e que deverão também chegar esta semana à instituição.
“Esperemos não ser necessário, mas assim ficamos melhor preparados. Nós já temos cinco ventiladores a funcionar no hospital, estes três novos ventiladores reforçam a nossa capacidade de resposta numa situação de emergência”, assegura, ao mesmo tempo que fala num reforço significativo do material de proteção individual, como luvas, máscaras, fatos de proteção impermeáveis e viseiras, que têm chegado graças à solidariedade de muitas empresas oliveirenses.
“Temos um stock razoável deste material, esperemos não ser preciso”, volta a frisar, lembrando que numa pandemia como esta temos de “viver um dia de cada vez”.
Numa análise aos números do país e do concelho, o médico está convencido que estes só não são mais elevados porque tem havido “um trabalho de casa muito bem feito”, por um lado, pelos profissionais de saúde e pelas autoridades locais, mas também pela população que genericamente tem acatado a mensagem para ficar em casa.
Ao nível das consultas hospitalares também houve mudanças que tiveram de ser feitas muito rapidamente, reduzindo ao máximo as consultas não urgentes, mas “na medicina as doenças não são só covid 19, e temos de manter o atendimento aos doentes urgentes”, faz notar.