Os jardins do Santuário de Nossa Senhora das Preces em Vale de Maceira, freguesia de Aldeia das Dez, ganharam um novo verde, depois de em Outubro de 2017, o grande incêndio que assolou o concelho ter destruído também grande parte das espécies frondosas e centenárias que envolviam aquele espaço único no concelho. Inaugurado esta segunda feira, por “todos os intervenientes”, o projeto de recuperação do Jardim Botânico e do Bosque da Paixão contou com um investimento de 50 mil euros, atribuídos em 2018 pela Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito da 10ª edição do Prémio Vivalva.
Na cerimónia de apresentação pública do projeto, em Vale de Maceira, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, recordou o “momento doloroso e traumático” que Oliveira do Hospital viveu com o grande incêndio de 2017, que assolou 98% da área florestal do concelho, onde se inclui o espaço do Santuário.
Volvidos estes anos, e com o verde a pintar de novo a paisagem do Santuário de Nossa Senhora das Preces, José Francisco Rolo referiu que a autarquia “tentou envolver os melhores” na concretização deste projeto e “deu o seu melhor” em prol da valorização de um espaço que é “único” e por isso mesmo é também “especial”
Sobre a intervenção no âmbito do Projeto Vilalva, o presidente do Município de Oliveira do Hospital, referiu que o objetivo passava por evitar “ao máximo” o abate de árvores, o que acabou por não acontecer na totalidade, havendo necessidade de substituir muitas das espécies e, ao mesmo tempo, valorizar o conjunto arquitetónico e paisagístico deste espaço, criando percursos de visitação e um reforço da componente sinalética.
O projeto de valorização agora inaugurado permitiu a plantação de novas espécies, desenvolver programas de educação ambiental dirigidos à participação de toda a população, sobretudo aos mais jovens, ações de formação e de sensibilização para a gestão dos espaços verdes e a conservação da natureza e da biodiversidade.
Foram ainda incluídos no espaço do Santuário novos painéis informativos, materiais de divulgação do lugar e da história envolvente, como uma recriação das procissões e romarias associadas ao local, e sugestões de percursos pedestres a realizar pelos visitantes que afluem ao lugar.
Responsável técnico pela recuperação dos jardins do Santuário,o arquiteto paisagista Miguel Pinheiro, lembrou também ele “o cenário traumático” deixado pelo grande incêndio de outubro de 2017, que foi necessário recuperar numa lógica de perdurar pelo menos “mais cem anos”.
Consciente do desafio que tinha pela frente, Miguel Pinheiro que é um “filho” da serra do Açor, explicou que a estratégia de intervenção passou por ser “pouco intrusiva”, privilegiando “a diversidade de espécies” e a “magia” do lugar.
Da Fundação Calouste Gulbenkian, esteve presente Rui Vieira Nery. O antigo Secretário de Estado da Cultura referiu-se a esta intervenção no Santuário de Nossa Senhora das Preces como um exemplo de boas práticas de recuperação de um património, neste caso, natural, esperando que este “exemplo” possa estimular “outros apoios” para a requalificação de outros espaços do Santuário.
Assim espera o presidente da Irmandade do Santuário de Nossa Senhora das Preces. Luciano Lourenço, que apresentou um extenso caderno de encargos ao presidente da Câmara, apontando nomeadamente para a necessidade da requalificação da casa da música, a casa do anjos, o conjunto das capelas do Santuário e o espaço interior da igreja, além de outros espaços que gostaria igualmente de ver valorizados, como é o caso da capela e balneários no Monte do Colcurinho, considerado um dos postais turísticos do concelho.
Note-se que em 2018, quando o prémio de 50 mil euros foi entregue pela Fundação Gulbenkian à Irmandade da Nossa Senhora das Preces, o júri destacou “o exemplo e o estímulo” que as diferentes valências do projeto representavam para a região e aplaudiu “a capacidade para envolver estruturas locais”, como Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, a Junta de Freguesia da Aldeia das Dez e a ADESA – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Serra do Açor.
Na inauguração desta segunda-feira, António Lamas, presidente do júri do Prémio Vilalva, recordou o momento desta distinção referindo que “o júri ficou muito sensibilizado por esta questão de se recuperar uma grande perda patrimonial”.
O Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva, também identificado por Prémio Vilalva, no valor de 50 mil euros, distingue projetos de excelência na área da conservação, recuperação, valorização ou divulgação do património português, imóvel ou móvel.
Em 2018, ano em que o Santuário de Nossa Senhora das Preces arrecadou o prémio, o tema teve o foco na recuperação de jardins.