Suspeito não tem cadastro por este crime, mas foi alvo de vários inquéritos por suspeita de fogo posto. Está agora em prisão preventiva.
A Polícia Judiciária (PJ) procedeu à detenção de um homem de 43 anos, solteiro, carpinteiro de cofragem, residente em Oliveira do Hospital, suspeito de ter ateado um incêndio florestal. Aconteceu no passado dia 10 de junho, numa zona de mato e eucalipto, próxima da Estrada Nacional 17 (Estrada da Beira), na zona de Venda do Porco, localidade pertencente à freguesia de S. João da Boavista, concelho de Tábua.
Um incêndio que, segundo apurámos junto de fonte ligada à investigação, da responsabilidade da Diretoria do Centro da PJ, o suspeito confessou, justificando-se com o facto de «andar de mal com a vida e com ele próprio». A este mau-estar pessoal, a PJ junta um «quadro de alcoolismo», uma vez que o homem é habitualmente consumidor de bebidas alcoólicas. Mas além destes dois aspetos, o crime envolveu outros contornos, quase kafkianos.
Com efeito, de acordo com a PJ, o homem, apesar de não ter cadastro, já foi por diversas vezes investigado, sem resultados concretos, devido a vários focos de incêndio que, nos últimos dois/três anos, deflagraram perto da sua zona de residência. Um suspeito “crónico”, que terá ficado “incomodado” com a detenção de um outro indivíduo, de 53 anos, nos finais de maio, igualmente no concelho de Oliveira do Hospital. «Terá tentado “provar” que o outro era inocente», ateando mais um foco de incêndio, para mostrar que os fogos continuavam mau grado o suspeito de Lourosa, vizinho e um velho amigo, estar detido.
Mas há mais “encenações” a rodear este incêndio, ateado por volta das 16h30, em Venda do Porco. Com efeito, segundo apurámos, duas horas antes do incêndio deflagrar, o carpinteiro deu um inusitado alerta para autoridades, através de um telefonema para o número de emergência, 112, onde dava conta da presença, na berma da Estrada da Beira, de um indivíduo de idade avançada, «com uma vela em seu poder», que «se preparava para atear um fogo». Mais, o imaginativo incendiário adiantou mesmo que o sénior já teria posto um fogo, que o autor do alerta terá dominado de pronto pelos seus próprios meios. E deixou, ainda, uma advertência: «se houver algum incêndio, o autor é, com toda a certeza, aquele homem».
Certo é que a patrulha da GNR de Oliveira do Hospital se deslocou de imediato ao local. O sénior estava, efetivamente lá, mas nem sinais de vela, e muito menos de incêndio. Dados que só vieram reforçar as já fortes suspeitas que pendiam sobre o carpinteiro. Para as confirmar só faltava um incêndio, que este acabaria por atear, duas horas depois e que destruiu cerca de dois hectares de eucalipto e mato.
O homem acabou por ser detido pela PJ na quinta-feira e presente, ontem à tarde, a tribunal, para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de coação consideradas convenientes. Está em prisão preventiva a aguardar julgamento. Esta é a oitava detenção pelo crime de incêndio florestal, feita pela Diretoria do Centro, estando seis dos suspeitos em prisão preventiva. A nível nacional há 34 pessoas detidas.
Manuela Ventura