A Junta de Freguesia de Meruge veio repudiar, este fim de semana, aquilo que considera ser “mais uma criminosa descarga de efluentes industriais” por parte de quatro fábricas de queijo situadas na Catraia de S. Romão/Carragosela, no leito do Rio Cobral.
Em comunicado enviado ao nosso jornal, João Abreu, o presidente da Junta, lembra que este é “um crime ambiental reiterado e impune há mais de 20 anos”, sem que ninguém tome medidas capazes de acabar com o problema. O autarca lamenta que “nem as autoridades municipais, nem os serviços do Ministério do Ambiente, nem as autoridades policiais fazem nada para travar esta manifestação de arrogância e desrespeito pelas mais elementares leis e regras de responsabilidade ambiental”.
E por isso, terminada a safra do Natal e com os tanques cheios, “vá de lhes abrir, pois sabem que têm as “costas quentes” e por isso o crime compensa”, denuncia, questionando, mais uma vez, “quem protege os prevaricadores” e quem “licencia e não fiscaliza as fábricas de produção do Queijo da Serra”. Revoltado com a situação, o presidente da Junta de Meruge entende que as entidades oficiais, nomeadamente a Câmara de Seia, o Ministério do Ambiente, GNR, APA e outras entidades não podem continuar a “fazer vista grossa a esta reiterada e gravosa poluição dos prados, dos lençóis freáticos, das margens do Rio Cobral, que põe em risco a saúde e a qualidade de vida das populações ribeirinhas das localidades de Torrozelo, Várzea de Meruge e Meruge” .
Apesar dos inúmeros abaixo-assinados, visitas de grupos parlamentares, moções nas assembleias municipais, relatórios da APA e de outras entidades a denunciar a situação e a exigir medidas que ponham cobro “a esta selvajaria” , o autarca lamenta que nada tenha conseguido travar os responsáveis por esta indústria que “recorrentemente abrem as comportas dos seus tanques de retenção das águas excedentes da produção do queijo, para o Rio Cobral”.
A concluir, o autarca de Meruge garante que os sucessivos executivos da Junta de Freguesia têm protagonizado o caminho das soluções para este problema, propondo inclusivamente a construção de uma ETAR colectiva (para todas as fábricas), dotada dos mais modernos métodos de tratamento dos efluentes lácteos, mas sem qualquer resultado, prevalecendo sempre “a prática das descargas ilegais” para o Rio Cobral. Por tudo isto, o presidente da Freguesia de Meruge, garante que irá mobilizar todos os seus cidadãos e a sua influência para denunciar esta ” tenebrosa iniquidade”.