Nuno Tavares Pereira tentou o registo junto do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de várias marcas de jornais e rádios, onde se inclui o Jornal Folha do Centro.
Os verdadeiros propósitos ainda não são conhecidos, mas a intenção do conhecido empresário e líder do MAAVIM (Movimento de Apoio às Vitimas dos Incêndios de Midões) de registar em seu nome vários títulos da imprensa local de Oliveira do Hospital e da região, onde se inclui, entre outros, o jornal Folha do Centro, a Rádio Boa Nova e a Comarca de Arganil, essa pode ser consultada no site do INPI, na internet, uma vez que é esta entidade que analisa e decide os pedidos de registo de marcas nacionais. O que leva o empresário, que também já teve ligações políticas ao PSD a fazer tal usurpação da propriedade- já que todos os títulos estão registados na Entidade Reguladora da Comunicação Social – é a questão que se impõe nesta altura a todos os lesados, que ponderam ainda esta semana tomar uma posição conjunta e avançar com a contestação dos respetivos processos.
Diretor da Rádio Boa Nova, Albino José, lembra que no caso do órgão de comunicação social que dirige a contestação já foi apresentada no mês passado, convencido que este era apenas um “ataque” isolado à rádio, que no próximo ano completa 35 anos de existência. Também o diretor da Comarca de Arganil (jornal com mais de 100 anos de existência), Nuno Gomes, reagiu aos factos com perplexidade, lembrando que a Comarca ”não está à venda, nem se sujeita a interesses que não sejam os de informar”.
Numa notícia publicada na edição de ontem deste semanário regional, Nuno Gomes considera ainda que face ao número elevado de processos de registo de marca intentados pelo empresário, pode estar em causa “o desenho de um projeto comunicacional regional, com o objetivo claro da auto promoção a nível de projetos pessoais, políticos e empresariais”.
Em declarações já esta quarta feira à Mundial FM, de Coimbra, o principal rosto do MAAVIM, Nuno Tavares Pereira, explicou que o registo de várias marcas de órgãos de comunicação social foi feito com o intuito de os “proteger”, acrescentando que “não pretende realizar qualquer negócio com essas marcas e que as cede posteriormente aos seus utilizadores”. Apesar de ser o instigador de toda a polémica, Nuno Pereira, ainda fala de aproveitamento político da sua “boa vontade de auxiliar e proteger as marcas que registou”. No que ao Jornal do Folha do Centro diz respeito, a diretora Margarida Prata garante que “dispensa toda e qualquer boa vontade vinda da pessoa em questão”, e acusa o empresário de, mais uma vez, vestir a capa de defensor dos “desprotegidos”, quando na realidade, o que pretende “é mais umas capas de jornal”. “A cultura e a região defendem-se com ações e posturas dignas e transparentes, não com atitudes rasteiras como esta, em que alguém tentar usurpar aquilo que os outros constroem com trabalho”, rematou.