Foi lançado no dia 18 de julho, no âmbito da comemoração do Dia Mundial da Escuta, o trabalho “Xisto Sonoro – Paisagens Sonoras da Rede das Aldeias do Xisto”, da autoria do paisagista sonoro Luís Antero.
Este trabalho artístico, disponível para audição integral na plataforma do artista, em www.luisantero.bandcamp.com, remonta a 2013 e vê agora, em formato integral (depois de ter ficado disponível no site das Aldeias do Xisto em 2017), a luz do dia.
O trabalho artístico que aqui se apresenta foi realizado com base em algumas das paisagens e marcos sonoros das Aldeias do Xisto, recorrendo, para o efeito, a gravações sonoras de campo. Num total de 24 faixas sonoras (as aldeias de Janeiro de Baixo e Janeiro de Cima e as de Candal, Casal Novo e Chiqueiro estão agrupadas em duas faixas, respectivamente), este trabalho é um retrato sonoro único das Aldeias do Xisto.
Percorreram-se as aldeias em busca das suas sonoridades características, dos seus marcos sonoros, dos sons que as definem e as distinguem de outras aldeias no contexto rural do Portugal contemporâneo. Por outro lado, através destas paisagens sonoras, podemos também perceber o que estas aldeias têm em comum com outras situadas no mesmo território.
O bater das horas do relógio da torre da igreja, por exemplo, parece-nos ser uma sonoridade comum a muitas aldeias do país, mas as 1620 badaladas ininterruptas (aproximadamente uma hora e vinte minutos) do sino da Torre da Paz, na Aldeia do Xisto da Benfeita (Arganil), no dia 7 de maio de cada ano, parece-nos ser, neste âmbito, algo único e original. É esta originalidade, esta autenticidade, esta ancestralidade também, que conferem às Aldeias do Xisto um mosaico sonoro único do nosso Portugal rural. Percorrer acusticamente estas aldeias é, na maior parte das vezes, encontrar ainda os sons antigos que as povoavam e com eles a história dos lugares e das pessoas que deles faziam parte.
É uma viagem o que aqui se propõem, tal como é necessário viajar para conhecer toda esta rede. A nossa proposta, claro está, é uma viagem sensitiva, na companhia do som, e através dela a descoberta de um conjunto de aldeias únicas e vitais no território em que se inserem.