Deputado Municipal do CDS/PP entende que não pode estar no debate político local e ser permanentemente atacado pela sua intervenção enquanto líder da Associação de Vitimas do Maior Incêndio.
O deputado municipal do CDS/PP, Luís Lagos, acaba de renunciar ao mandato para o qual foi eleito em outubro passado, entendendo não poder continuar no debate político local e estar “reiterada e continuadamente a ser atacado, de forma espúria, cobarde e caluniosa, na opinião difundida, por responsáveis políticos locais” enquanto líder da Associação de Vitimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal.
Numa missiva enviada à presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, o eleito nas listas do CDS/PP, garante que a sua decisão não tem a ver com o facto de considerar que “um líder de uma associação cívica não possa, simultaneamente, exercer funções políticas”, até porque “são muitos os exemplos”, mas acima de tudo, porque a sua intervenção enquanto presidente daquele movimento cívico tem vindo a ser atacada, da pior forma, pelos seus adversários políticos. “Penso que, dessa forma, ficam completamente esclarecidas e desfeitas quaisquer dúvidas quanto às minhas reais intenções e fico inteiramente livre para desempenhar a liderança da AVMISP sem a mesma ter de sofrer qualquer ataque em função do meu cargo político”, entende Luís Lagos, lembrando que foi, também, por isso e “para desagrado da liderança nacional do CDS, que abandonei a liderança distrital do CDS-PP”.
Contudo, “convenci-me que na minha terra, onde fui criado e todos acabamos por nos conhecer, não teria necessidade de abandonar um cargo que me foi confiado por muitos oliveirenses. Que isso seria objeto de respeito” desabafa ainda o conhecido empresário, para quem, a dada altura, “a relevância dos mandatos não pode resultar só da confiança dos nossos eleitores”, mas do respeito pelos adversários no combate político. “Devemos enfrentar adversários que têm por nós, apesar de discordância política, respeito pessoal e, sou, hoje, levado a ter a certeza que, em Oliveira do Hospital, tenho a confiança de quem me elegeu, mas que falta o respeito pessoal de alguns adversários políticos e, isso, numa comunidade pequena conduz à degradação de relações, a conflitos primários e ao arrastamento de toda a família para isso”, explica na mesma missiva, garantindo abdicar, totalmente, não só “do exercício atual” mas “nos próximos anos de qualquer cargo político”. E acrescenta que “dificilmente regressarei à vida política”. “Não tenho essa vontade e ambição, como tantas vezes parece ser propalado”, assegura, julgando ser “chegado o momento do resguardo e do silêncio político”, já que “hoje não vejo que exista bom espírito na nossa comunidade política” para que possa permanecer no cargo.
Certo de ter contribuído de forma positiva para o debate político local e para a saudável vivência democrática no nosso concelho, ao longo do último mandato, Luís Lagos, deixa ainda uma “mensagem” para ser “entregue” ao presidente da Câmara, afirmando que “em momento algum, na qualidade de presidente da AVMISP, pretendi fazer-lhe qualquer ataque ou causar desconfiança sobre o seu mandato. Se assim foi entendido, lamento. Como tive oportunidade de dizer na cerimónia de tomada de posse da Assembleia Municipal posso abdicar de tudo, mas não abdico de ter voz na defesa do que considero essencial para a nossa comunidade”, e “não posso assistir à degradação e ao abandono da nossa região por sucessivos governos e continuar calado”. “Foi já com esse espirito que, permita-me dizê-lo, com coragem e independência, tive oportunidade de apoiar e participar numa marcha lenta de contestação, com o apoio do Partido Socialista, ao então governo PSD/CDS pela falta de médicos no nosso concelho e pela não construção do IC6. Não mudei desde então. Continuo o mesmo, independentemente do partido que ocupa o poder. É a mesma coerência que, hoje, me leva a contestar a falta de médicos e a não construção do IC6. Estava convencido que são questões sobre que todos podemos e devemos falar” recorda Luís Lagos, deixando claro que foi sempre “com esse propósito que esteve na vida política local, primeiro a nossa terra, depois os partidos políticos”. “Continuarei a pensar assim e a atuar em conformidade, ficando triste que, muitos dos que usam cravo na lapela no 25 de Abril, queiram, hoje, limitar opiniões e condicionar atuações só porque não alinhadas”, conclui, visivelmente desiludido, o deputado agora demissionário.