A morte de uma criança de apenas 14 meses na polémica seita do Reino do Pineal, que reside numa quinta em Seixo da Beira está a ser investigada pelo Ministério Público, avançou esta terça feira o semanário Expresso.
O alerta terá sido dado por um familiar de um membro da seita, mas a queixa terá partido, ao que refere o mesmo semanário, de um advogado no sul do país. O bebé, que nasceu no início de 2021, terá morrido em abril do ano passado. O grupo espiritual terá realizado uma cerimónia fúnebre e cremado o corpo da criança, espalhando as cinzas no Rio Mondego, não tendo comunicado a morte às autoridades.
Ainda de acordo com a revista Visão que, na última edição trouxe a existência desta seita para a primeira página, a morte do bebé , filho de Água Akbal Pinheiro, líder do Reino do Pineal, terá sido confirmada junto dos membros da comunidade, adiantando ainda que gravidez não terá sido acompanhada, nem o parto medicamente assistido, apesar da criança ter nascido aparentemente saudável.
Fontes ligadas ao Reino do Pineal afirmaram ainda à Visão que, quando morreu, o bebé não estava vacinado e, com mais de um ano de idade, era apenas amamentado. Durante todo este período, não foi registado junto do Estado e, à semelhança das outras crianças da comunidade não terá recebido qualquer acompanhamento médico.
Vizinho estrangeiro denuncia há mais de um ano rituais e pretensão da seita de se tornar um Estado Independente
Apesar de só agora ter sido alvo da comunicação social nacional, a existência desta seita, que se sabe agora estar instalada numa propriedade do antigo internacional dinamarquês Pione Sisto. e a sua “estranha” forma de vida há muito que vinha a ser denunciada, sobretudo por um vizinho também ele estrangeiro a residir há vários anos numa quinta em Seixo da Beira.
O desagrado deste vizinho levou-o por diversas vezes às reuniões públicas da Câmara Municipal e a apresentar queixa da comunidade espiritual, dizendo nomeadamente que esta não cumpria as regras do Estado Português no que toca ao licenciamento do espaço e de algumas construções ali implantadas, bem como no que se refere à existência de várias crianças que “não iam à escola”.
O estrangeiro denunciava também aquilo que considerava um perigo público, não se conformando com certos “rituais” e o facto da comunidade, que à altura contava com mais de 40 pessoas, de se auto proclamar um “Estado Soberano” dentro do Estado Português.
Em setembro de 2022, alguns membros da Seita foram recebidos pelo presidente da Câmara Municipal, numa visita que consideraram “diplomática”, prometendo “cooperar” com as autoridades locais.
O caso entretanto motivou a abertura de um inquérito por parte do Ministério Público e que corre agora no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra. Além do MP, foram também abertos inquéritos pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), a GNR e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).