Há cinco anos o hospital da Fundação Aurélio Amaro Diniz esteve transformado num autêntico hospital da campanha, já que foi ali que se concentrou o socorro às vitimas que iam chegando do grande incêndio que consumia o concelho de Oliveira do Hospital.
Com o Centro de Saúde sem energia elétrica, o serviço de urgências foi rapidamente deslocalizado para o hospital que fez o atendimento de todas as pessoas que iam chegando “em pânico”, nomeadamente os queimados mais graves que só puderam ser transportados para Coimbra no dia seguinte de manhã.
“Tivemos aqui os maiores queimados de Oliveira do Hospital, foram todos transferidos daqui para Coimbra só ao outro dia numa coluna de 12 ambulâncias. Foram todos atendidos e estabilizados aqui, incluindo aquela criança (Leonor) foi entubada aqui, porque nós não conseguíamos transferir doentes, as ambulâncias não tinham maneira de chegar a Coimbra”, relata o médico Álvaro Herdade notando que, apesar do caos que se vivia, “toda a gente foi atendida” e “não faltou material”.
“Valeu-nos a ajuda de dois médicos da Cruz Vermelha que conseguiram cá chegar” e “estarmos preparados com muito material”, lembra o clinico oliveirense que, embora habituado a situações de grande stress, nunca pensou assistir a um “cenário de guerra” como aquele a que assistiu no dia 15 de outubro de 2017.
“Foi uma noite de trabalho muito intensa, uma noite desgraçada”, recorda, lembrando que o facto do hospital ter sempre energia elétrica, graças a um gerador que já possuíam para situações de emergência, permitiu a prestação de cuidados médicos às vitimas que se iam acumulando nos corredores do hospital pela noite dentro, a maioria com problemas respiratórios e de visão.