Três indivíduos encapuzados terão levado vários milhares de euros em ouro e dinheiro de habitação em Seixo da Beira com proprietária em casa mais o filho mais novo.
Uma atitude de grande coragem e um enorme “sangue frio” para evitar uma “desgraça ainda maior”. É assim que a proprietária da residência assaltada, na madrugada de sábado para domingo em Seixo da Beira, por três indivíduos encapuzados, descreve o seu próprio comportamento quando por volta das quatro da manhã se apercebeu da presença de estranhos dentro de casa, enquanto dela e o filho, um jovem de 16 anos de idade, descansavam cada um no seu quarto.
“Parecia uma cena que a gente só está habituada a ver nos filmes”, relata a vítima, que se terá apercebido do assalto “do princípio ao fim”, apesar de fingir que estava a dormir para evitar que os assaltantes cometessem “alguma tragédia”. “Assim que me apercebi de barulhos a subir as escadas, ajeitei-me na cama da melhor forma possível e decidi fazer de conta que continuava a dormir, para que eles pudessem andar à vontade e não me fizessem mal, nem a mim nem ao meu filho, que eu só rezava para também não acordar”, diz, ainda mal refeita do susto, ao mesmo tempo que tenta repetir os “diálogos” que ia ouvindo dos dois assaltantes que subiram ao andar de cima de casa para limpar literalmente todos os valores que ali tinha guardados.
“Levaram o ouro todo que tinha num guarda joias em cima da minha cómoda e um deles ainda sugeriu tirar-me a minha aliança, mas o outro disse que era melhor não que eu podia acordar”, relata, ainda hoje “gelada” com o que ouviu a certa altura de um dos ladrões: “se ela acordar espete-lhe a faca no pescoço”. “Fiquei sem respiração e aí cheguei a pensar que o pior ia acontecer”, diz a mulher, com idade na casa dos 40 anos, funcionária num lar de idosos. “Já me tinha dito que eu tenho coragem para dar e vender e agora é que vejo realmente que tenho muita coragem porque se fosse outra pessoa teria reagido e seria o que calhasse”, adianta, não tendo dúvidas que os indivíduos da forma como vinham, todos vestidos de preto e encapuzados para não serem identificados, vinham “preparados para tudo”, inclusivamente “se fosse preciso matar, matavam”. “Era aqui uma desgraça”, refere, acreditando que este assalto, da forma como aconteceu, uma vez que os ladrões abriram uma porta traseira com uma chave falsa, andava a ser preparado há algum tempo.
“Eu de vez em quando ouvia barulhos na porta, mas nunca pensei que fosse alguém a experimentar a fechadura, agora penso que já seria para isso”, relata, lembrando que os autores do roubo também teriam informações sobre a sua vida – nomeadamente que o marido é emigrante no Brasil, o filho mais velho não estaria em casa nessa noite e que ela própria é uma pessoa doente, tomando alguns anti depressivos. “Quando apontaram a lanterna à minha mesinha de cabeceira disseram: «ela está drogada», porque eu costumo ter li os meus medicamentos”, conta, pensando que isso terá ajudado a “convencer” os bandidos que esta estaria mesmo a dormir profundamente e que não se terá apercebido de nada. (leia mais na edição impressa)