No dia em que se completaram quatro anos após o grande incêndio de 15 de outubro de 2017, o Município de Oliveira do Hospital assinalou a data, prestando homenagem às 13 vítimas mortais.
O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino e vereadores efetuaram uma romagem aos cemitérios onde se encontram os restos mortais das vítimas da tragédia, com a colocação de flores e velas. De forma simbólica, o ainda presidente de Câmara visitou o cemitério da sua freguesia, Ervedal da Beira, onde foi sepultada Bernarda Matias, que sofreu ferimentos graves e veio a falecer oito meses após o trágico incêndio.
À saída do cemitério, onde contou também com a presença de Carlos Maia, presidente da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca Beira, da filha de Bernarda Matias, entre outras pessoas, José Carlos Alexandrino disse que preferia não ter que assinalar o aniversário da tragédia. “Este é o dia que nós nunca gostaríamos de ter. Mas a vida, infelizmente, é assim e temos que pugnar pelo desenvolvimento do concelho de Oliveira do Hospital, mas fazendo sempre homenagem àqueles que partiram em condições tão difíceis. Não deve haver uma morte pior do que a de uma pessoa queimada”, comentou o presidente.
José Carlos Alexandrino comparou o “nosso incêndio com uma guerra que deixa consequências terríveis nas famílias. Onde há morte, onde há dor. Foi isso que aconteceu aqui no concelho de Oliveira do Hospital, onde morreu o maior número de pessoas”. “Para mim, como presidente, foi um drama que tenho acompanhado através destes anos com muita dor”, disse ainda.
Na opinião do autarca oliveirense “tudo se recupera e poderá demorar 50 anos, mas voltaremos a ter floresta”. Ao contrário, disse, “há uma coisa que não se recupera” que é a vida das 13 pessoas que morreram. “A dor daqueles que sofreram pela perda dos seus entes queridos e a dor daqueles que foram queimados, e Graças a Deus, hoje sobrevivem, como é o caso da Leonor que sigo de perto, é uma dor enorme que marcará para sempre estas famílias”.
Também para a filha de Bernarda Matias, o grande incêndio e o que resta dele “é mesmo uma guerra, em que continua uma revolta”. “Porque não se aceita perder uma mãe nestas condições e depois de ter estado tantos meses a lutar (pela vida) e ter tido este desfecho. Agradeço esta homenagem pelas vítimas”, disse emocionada.
A recordar a conterrânea falecida, que à data era funcionária da Junta de Freguesia a que preside, Carlos Maia, autarca de Ervedal e Vila Franca da Beira recordou a força de Bernarda Matias que “resistiu oito meses e acabou por claudicar a todas as consequências do fogo e não conseguiu resistir”. “Nunca vamos esquecer a Bernarda. Esta justa homenagem tinha que ser feita. Mas as homenagens são todos os dias e todos os anos”, frisou.
A homenagem às 13 vítimas mortais do incêndio contou também com a celebração de uma Missa na Igreja Matriz da cidade, em frente da qual foram acesas 13 velas, uma por cada pessoa falecida. Foi um momento de “grande simbolismo e com uma grande carga de saudade”. “O objetivo do Município foi o de transmitir às famílias e ao concelho que “não nos esquecemos dessas pessoas que partiram, elas estão presentes nos nossos corações, nos corações dos seus familiares”.
Quanto à recuperação do concelho pós incêndio, José Carlos Alexandrino aponta a floresta como “um caso dramático porque estamos muito longe da recuperação”. No que respeita às empresas e primeiras habitações “houve realmente um trabalho fantástico”, já a recuperação de segundas habitações “não foi totalmente conseguida”. “Na agricultura também se conseguiu recuperar uma parte, mas há a parte que ainda hoje não está avaliada, que é a aparte da floresta”. Neste âmbito o autarca adiantou que se encontram aprovadas “cinco candidaturas num projeto muito interessante que são as Áreas Integradas de Paisagem Protegida. “É um projeto que fará a diferença num investimento global de muitos milhões de Euros”, concluiu.